Interações na cadeia de suprimentos da produção avícola geram aprendizados sobre sustentabilidade

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Imagem: Artem Beliaikin / Unsplash

No sul do Brasil, as interações contínuas entre produtores de aves, fornecedores que comercializam essa produção e uma empresa abastecida geram ciclos de aprendizado que impactam as práticas de sustentabilidade dessa cadeia de suprimentos. Segundo artigo com participação das pesquisadoras da FGV EAESP Karina Santos e Susana Carla Farias Pereira publicado na revista “International Journal of Operations & Production Management”, o compartilhamento do conhecimento entre esses atores pode provocar a aprendizagem de novos valores e ideias e a desaprendizagem de práticas antigas em gestão de resíduos, biossegurança e bem-estar animal.

Trata-se de uma pesquisa qualitativa baseada em 24 entrevistas realizadas de outubro a novembro de 2019 e de agosto de 2020 a abril de 2021 com representantes de diferentes níveis da cadeia de suprimentos da avicultura. As interações investigadas compreendem a empresa compradora – uma rede de restaurantes multinacional -, fornecedores de primeiro nível com certificação de sustentabilidade, fornecedores não certificados e uma rede de subfornecedores formada por 1073 propriedades rurais. O artigo é fundamentado, ainda, em pesquisas documentais e em duas etnografias realizadas durante 55 dias do ano de 2020 em duas fazendas não certificadas e, em 2021, durante 19 dias em uma propriedade certificada.

O conhecimento compartilhado entre especialistas e novatos, por exemplo, pode ser incorporado em práticas materiais e trazer soluções para processos cotidianos. Subfornecedores vizinhos tendem a compartilhar entre si aprendizados da experiência, mesmo em propriedades não certificadas e, portanto, menos impactadas pelas exigências do comprador e da organização certificadora. Um dos exemplos é o uso do desidratador, um equipamento que reduz o volume de dejetos, adotado por um proprietário não certificado após utilizar o método em outra propriedade.

Em outro caso, um veterinário que presta suporte técnico ao fornecedor aprendeu com o filho do proprietário de um aviário a utilizar um aplicativo de controle das condições do ambiente. E, em mais uma interação observada, o subfornecedor desconfiou das informações técnicas do veterinário, mas as adotou em sua prática após verificar bons resultados.

Para otimizar essas interações, o artigo alerta que as empresas precisam transmitir melhor o valor da sustentabilidade aos fornecedores e subfornecedores, levando em consideração como as práticas atuais foram ensinadas e aprendidas.

Confira o artigo na íntegra

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