Remuneração e qualificação de profissionais são entraves para a telemedicina no Brasil

Telemedicina

Marcello Casal Jr / Agência Brasil

Por conta das restrições de circulação, a Covid-19 acelerou a adoção da telemedicina entre os prestadores de serviços de saúde. Apesar disso, a prática encontra desafios como a remuneração dos profissionais. Um em cada quatro médicos consultados em levantamento dos pesquisadores da FGV EAESP Ana Maria Malik e Alberto José Niituma Ogata e colaboradores não recebeu remuneração direta pelo atendimento prestado durante a pandemia.

Os autores se baseiam em questionário realizado pela Associação Paulista de Medicina (APM) com mais de 2 mil médicos entre 18 de dezembro de 2020 e 18 de janeiro de 2021. O artigo com os resultados está publicado na revista “São Paulo Medical Journal”.

Quase metade dos entrevistados (981 pessoas) disse não ter praticado nenhuma forma de telemedicina no período. A grande maioria dos profissionais (1607) afirmou não ter participado de qualquer atividade educativa sobre o exercício da telemedicina, e quase 28% (574) diz não ter interesse em praticá-la no futuro. Segundo os autores, os números mostram que é necessário investir na capacitação dos profissionais para a utilização adequada dos recursos da telessaúde como forma de diminuir a sobrecarga das consultas presenciais.

Entre os profissionais que praticaram telemedicina no período, 274 não receberam remuneração direta e 225 (23%) disseram ter registrado a mesma remuneração que receberiam por consultas presenciais. Mais da metade dos médicos que exerceram a telemedicina (499) atendeu somente pacientes particulares.

O artigo também relata que a maioria dos entrevistados utilizou recursos digitais para atendimento:  61,6% fizeram uso de plataformas digitais especializadas; 61,4%, de prontuário eletrônico; e 72,6%, de prescrições eletrônicas. Portanto, garantias de proteção de dados dos pacientes também precisam ser consideradas na prática da telemedicina no Brasil.

Confira o artigo na íntegra

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