• Sobre o Blog Impacto
  • FGV EAESP
  • FGV EAESP Pesquisa
  • Acontece
    • Notícias
    • Eventos
  • Para alunos
    • Serviços para alunos
    • Comunidade FGV
  • Para candidatos
  • Para empresas
    • Soluções para empresas
    • Clube de parceiros FGV
  • Alumni
  • Contato
Blog Impacto - FGV EAESP Pesquisa
  • Adm. de empresas
  • Adm. pública
  • Notícias
  • Colunas
    • Blog Impacto
    • Blog Gestão e Negócios
  • Vídeos
  • Podcast
Nenhum resultado
Ver todos os recultados
Blog Impacto - FGV EAESP Pesquisa
Home Blog Gestão e Negócios

Gestão Acadêmica: Quando Igualdade Formal é Injustiça Real

4 de outubro de 2025
Gestão Acadêmica: Quando Igualdade Formal é Injustiça Real

Álvaro Madeira Neto, Médico Sanitarista e Gestor em Saúde, Doutorando em Administração no Programa de Doutorado Profissional em Administração da FGV EAESP. Mestre em Gestão para Competitividade (MPGC) pela FGV EASP. Diretor Médico da Fundação Otília Correia Saraiva – FOCS. Coordenador do Curso de Medicina da UNILEÃO.

A gestão acadêmica vive uma tensão constante entre ideais democráticos e as contradições estruturais do tecido social brasileiro. No contexto pós-pandemia, as desigualdades ficaram ainda mais evidentes. Tratar a igualdade como “dar o mesmo tratamento a todos” tornou-se um equívoco técnico, ético e operacional. Em um país de disparidades profundas, presumir condições iguais para todos ignora realidades individuais, reforça exclusões históricas e compromete resultados institucionais.

Conteúdorelacionado

Como a responsabilidade social fortalece as multinacionais brasileiras em tempos de crise

Ferramentarias 2030: como virar o jogo da competitividade automotiva

Médico e influencer: a revolução digital nas clínicas médicas

Uma gestão baseada na promessa de isonomia fracassa ao oferecer o mesmo tratamento a sujeitos profundamente desiguais. A padronização de processos esconde fatores sociais que levam à exclusão e evasão. Não por acaso, um em cada cinco ingressantes de 2014 abandonou totalmente a universidade até 2019, segundo estudo do Inep (2021). Outro levantamento (Inep, 2023) mostrou que, no setor privado, a crise se traduz em 844 mil contratos inadimplentes do Fies. Entre os estudantes que permanecem, cotistas federais têm taxa de conclusão superior à dos não cotistas (51% contra 41%).

Como alertou Amartya Sen, assegurar recursos iguais para todos não basta. É preciso garantir condições reais para que exerçam sua liberdade. Na universidade isso é crítico: bibliografias exclusivamente em inglês ou com custo elevado são barreiras para muitos alunos. Avaliações em horários rígidos excluem estudantes trabalhadores ou cuidadores familiares. Oferecer traduções ou avaliações flexíveis são atos de equidade que preservam talentos.

A equidade, entretanto, não se limita a ações afirmativas voltadas a grupos historicamente excluídos. Mesmo alunos de escolas particulares ou contextos privilegiados podem ter vulnerabilidades ocultas, exigindo atenção especial da gestão acadêmica. Alunos com transtornos não diagnosticados, jovens vítimas de violência doméstica, ou estudantes em graves crises de saúde mental  formam um contingente invisível e estão em desvantagem real. Um estudo de 2023, conduzido em oito universidades federais de Minas Gerais, constatou que 60 % dos estudantes apresentavam sintomas de ansiedade, reforçando a urgência do tema. Ignorar tais nuances sob o pretexto de que tiveram “oportunidades iguais” perpetua uma igualdade formal insensível às necessidades reais. A verdadeira equidade exige um diagnóstico contínuo das dificuldades enfrentadas pelos estudantes.

Essa reflexão é urgente também na área da saúde. No SUS, pacientes de regiões remotas carecem de exames básicos, enquanto grandes centros possuem equipamentos ociosos. Na academia, recursos podem igualmente estar mal distribuídos ou subutilizados. Para gestores de saúde e educação, equidade deve ser prática concreta, não retórica vazia. Na formação médica, isso significa preparar profissionais críticos e socialmente conscientes, tão importante quanto publicar artigos científicos. O sucesso de uma faculdade mede-se menos por troféus acadêmicos e mais pela capacidade de seus egressos impactarem positivamente comunidades carentes.

A busca pela equidade exige estratégia. Políticas compensatórias mal desenhadas podem cristalizar estigmas, como alerta Nancy Fraser. O risco não está apenas em focalizar excessivamente um grupo, mas também em ignorar outras formas de sofrimento acadêmico. Cabe ao gestor equilibrar sensibilidade e análise crítica, transformando a equidade em vantagem institucional. Isso significa reduzir evasão, melhorar indicadores e formar profissionais mais resilientes e adaptáveis, competências essenciais para o mercado da saúde no século XXI.

A verdadeira equidade não nasce de decretos, constrói-se ouvindo realidades locais e enfrentando privilégios. Edgar Morin afirma que lidar com a complexidade humana exige rejeitar fórmulas simplistas. No cotidiano universitário, isso significa adaptar ações ao contexto individual dos alunos. Quando gestores e docentes escutam ativamente estudantes em vulnerabilidade visível ou invisível, oferecendo suporte e ajustes curriculares, o ambiente torna-se inclusivo e produtivo.

Em uma época marcada por pressões mercadológicas sobre o ensino superior, é urgente colocar o humano acima do econômico. Isso não é altruísmo, mas eficiência estratégica. Gestores acadêmicos devem atuar como líderes enraizados na comunidade, ligando o projeto institucional às necessidades locais. Liderar com equidade exige abandonar certezas e cultivar o desconforto ético como motor da inovação gerencial. Só assim passaremos de reprodutores passivos de normas a agentes reais de transformação social.

A inclusão e a reflexão crítica não são apêndices da boa gestão; são seu núcleo. O gestor acadêmico consciente sabe que igualdade formal jamais justifica privilégios. Ajustar estratégias às diferenças reais, por meio de cotas, nivelamento acadêmico, apoio psicológico ou flexibilização curricular, promove justiça social e eficiência institucional. A pandemia revelou fraturas profundas no acesso à educação. Equidade, portanto, implica desconstruir privilégios e reconhecer que mesmo estudantes considerados “privilegiados” podem enfrentar barreiras invisíveis. Somente assim a liderança acadêmica abandona a reprodução automática de desigualdades.

Referências:

Barbosa, B.C.R., Menezes-Júnior, L.A.A., de Paula, W. et al. Sedentary behavior is associated with the mental health of university students during the Covid-19 pandemic, and not practicing physical activity accentuates its adverse effects: cross-sectional study. BMC Public Health 24, 1860 (2024). https://doi.org/10.1186/s12889-024-19345-5

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Resumo técnico do Censo da Educação Superior 2019. Brasília, DF:Inep, 2021. https://download.inep.gov.br/publicacoes/institucionais/estatisticas_e_indicadores/resumo_tecnico_censo_da_educacao_superior_2019.pdf. download.inep.gov.br

BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP). Censo da Educação Superior 2022: notas estatísticas. Brasília, DF: Inep, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/centrais-de-conteudo/acervo-linha-editorial/publicacoes-institucionais/estatisticas-e-indicadores-educacionais/censo-da-educacao-superior-2022-notas-estatisticas. Serviços e Informações do Brasil

CURSO ESTADÃO DE JORNALISMO, 34º. Pesquisa indica que quase 60% de universitários mineiros convivem com sintomas de ansiedade. O Estado de S. Paulo – Guia da Faculdade 2024, São Paulo, 19 ago. 2024. Disponível em: https://publicacoes.estadao.com.br/guia-da-faculdade/pesquisa-indica-que-quase-60-de-universitarios-mineiros-convivem-com-sintomas-de-ansiedade/

FRASER, Nancy. Justiça interrompida: reflexões críticas sobre a condição “pós-socialista”. São Paulo: Boitempo, 2022

MORIN, Edgar. Introdução ao pensamento complexo. 4. ed. Porto Alegre: Sulina, 2005. (Obra original publicada em 1990).

SARAIVA, Luciana Neri Nobre; MACHADO, Elaine Leandro;

MEIRELES, Adriana Lúcia; et al. Sintomas de transtorno de ansiedade e depressão entre estudantes universitários de Minas Gerais: prevalência e fatores associados (Projeto PADu-Multicêntrico). Research Square [preprint], 2024. https://doi.org/10.1590/SciELOPreprints.6080

SEN, Amartya. Desenvolvimento como liberdade. Tradução de Laura Teixeira Motta. 2. ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2000. (Obra original publicada em 1999).

Texto originalmente publicado no blog Gestão e Negócios do Estadão, uma parceria entre a FGV EAESP e o Estadão, reproduzido na íntegra com autorização.

Os artigos publicados na coluna Blog Gestão e Negócios refletem exclusivamente a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, a visão da Fundação Getulio Vargas ou do jornal Estadão

CompartilharTweetarCompartilharEnviar

Conteúdo relacionado

Multinacional brasileira investindo em ações de responsabilidade social para fortalecer sua resiliência financeira
Administração de empresas

Como a responsabilidade social fortalece as multinacionais brasileiras em tempos de crise

1 de dezembro de 2025
Ferramentarias 2030: como virar o jogo da competitividade automotiva
Blog Impacto

Ferramentarias 2030: como virar o jogo da competitividade automotiva

30 de novembro de 2025
Médico e influencer: a revolução digital nas clínicas médicas
Blog Gestão e Negócios

Médico e influencer: a revolução digital nas clínicas médicas

28 de novembro de 2025

Conteúdo recente

Multinacional brasileira investindo em ações de responsabilidade social para fortalecer sua resiliência financeira

Como a responsabilidade social fortalece as multinacionais brasileiras em tempos de crise

1 de dezembro de 2025
Ferramentarias 2030: como virar o jogo da competitividade automotiva

Ferramentarias 2030: como virar o jogo da competitividade automotiva

30 de novembro de 2025
Médico e influencer: a revolução digital nas clínicas médicas

Médico e influencer: a revolução digital nas clínicas médicas

28 de novembro de 2025

Mais lidos

Máquinas não pensam como seres humanos! (pelo menos não até este momento…)

Máquinas não pensam como seres humanos! (pelo menos não até este momento…)

1 de novembro de 2025
Empresas estatais devem ter lucro?

Empresas estatais devem ter lucro?

9 de fevereiro de 2023
Impacto da tecnologia no trabalho: pesquisa mostra efeitos na saúde mental e na vida profissional

Impacto da tecnologia no trabalho: pesquisa mostra efeitos na saúde mental e na vida profissional

3 de novembro de 2025
Estudo da FGV propõe impostos sobre o tabaco para financiar prevenção ao câncer de pulmão

Consumo e varejo desaceleram no Brasil: projeções da FGV para 2025 e 2026

31 de julho de 2025
Professores da FGV EAESP estão entre os mais influentes do mundo, segundo ranking internacional

Professores da FGV EAESP estão entre os mais influentes do mundo, segundo ranking internacional

14 de outubro de 2025
Como enfrentar os futuros desafios do Ensino Superior brasileiro

Como enfrentar os futuros desafios do Ensino Superior brasileiro

29 de outubro de 2025

Tags

administração de empresas administração pública bem estar consumo coronavírus corrupção covid-19 desenvolvimento sustentável diversidade educação empreendedorismo empresas ESG Estratégia FGV EAESP finanças gestão gestão de saúde gestão pública gênero inovação Inteligência Artificial liderança marketing mudanças climáticas mulheres Notícias internas ODS 3 ODS3 ODS 8 ODS 9 ODS 16 organizações pandemia política pública políticas públicas saúde saúde de qualidade saúde pública supply chain SUS sustentabilidade tecnologia trabalho transparência
#podcast Impacto: A relação entre autonomia e desempenho de Defensorias Públicas na América Latina

Podcast Impacto

29 Episode
Subscribe
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto – Urbanismo feminista: o caso de Barcelona

16 de setembro de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Agentes prisionais e emoções no trabalho

18 de agosto de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Eficiência e acesso em saúde: o que podemos aprender com sistemas universais em países em desenvolvimento?

11 de julho de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Como a gestão municipal pode reduzir desigualdades educacionais?

12 de junho de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto – Feminist Foreign Policy: liderança feminina e cultura política internacional

10 de abril de 2025
Disseminação do conhecimento
Catálogo dos Centros de Estudos

As manifestações expressas por integrantes dos quadros da Fundação Getulio Vargas, nas quais constem a sua identificação como tais, em artigos e entrevistas publicados nos meios de comunicação em geral, representam exclusivamente as opiniões dos seus autores e não, necessariamente, a posição institucional da FGV. Portaria FGV Nº19

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In

Add New Playlist

Nenhum resultado
Ver todos os recultados
  • Adm. de empresas
  • Adm. pública
  • Notícias
  • Colunas
    • Blog Impacto
    • Blog Gestão e Negócios
  • Vídeos
  • Podcast

-
00:00
00:00

Queue

Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00