A inteligência artificial (IA) está cada vez mais presente no dia a dia das empresas, mas nem sempre seu uso gera os resultados esperados. Um novo estudo, publicado no periódico International Journal of Production Economics, mostra que a forma como as empresas coletam dados para alimentar a IA faz toda a diferença no sucesso dos serviços digitais que elas desenvolvem. O artigo é assinado pelos pesquisadores Maciel M. Queiroz (FGV EAESP), Ana Beatriz Jabbour (EM Normandie Business School, França) e Mehdi Bagherzadeh (NEOMA Business School, França). Eles investigaram como o uso de dados coletados via crowdsourcing (ou seja, dados fornecidos por um grupo grande de pessoas, como consumidores ou especialistas) influencia o valor que as empresas conseguem gerar com a IA.
Os autores realizaram uma pesquisa online com empresas de diversos setores, usando dados coletados pela plataforma Prolific. O estudo propôs um modelo conceitual original, cuja validade foi estatisticamente testada por meio de Partial Least Squares Structural Equation Modeling (PLS-SEM), permitindo avaliar o impacto de diferentes tipos de participantes e da turbulência tecnológica sobre a criação de valor em serviços digitais.
Crowdsourcing: o combustível da IA
Para que ferramentas de IA funcionem bem, elas precisam ser treinadas com grandes volumes de dados. O estudo destaca que o crowdsourcing é uma forma eficiente de reunir esses dados, principalmente quando eles não estão concentrados dentro de uma só organização. Exemplos práticos disso são o Waze, que usa informações de motoristas em tempo real, e a Tesla, que coleta dados dos usuários para melhorar o piloto automático.
Mas um ponto crucial é escolher quem vai fornecer os dados. A pesquisa mostrou que tanto o público em geral quanto especialistas podem contribuir para gerar valor. No entanto, em setores onde a tecnologia muda rapidamente, como o setor automotivo ou de tecnologia da informação, o envolvimento de especialistas se torna essencial.
Quando a velocidade da inovação exige mais preparo
O estudo identificou que, em ambientes de alta turbulência tecnológica – ou seja, onde as inovações são constantes -, os serviços digitais desenvolvidos com dados fornecidos por especialistas são muito mais eficazes. Isso porque esses profissionais têm o conhecimento técnico necessário para fornecer dados mais precisos e relevantes. Já em setores mais estáveis, o público geral pode ser suficiente — ou até mesmo ideal — para alimentar a IA.
Para os gestores, o recado é que não basta investir em IA — é preciso saber com quem contar na coleta de dados. Também é fundamental adaptar a estratégia digital ao ritmo de inovação do setor em que a empresa atua. Em setores mais dinâmicos, incluir especialistas no processo de crowdsourcing pode ser a diferença entre o sucesso e o fracasso do projeto digital.
Em resumo, o estudo destaca que o sucesso de serviços digitais baseados em IA depende de decisões estratégicas. Decisões estas sobre o uso de dados e o contexto de inovação da empresa. Usar a inteligência artificial de forma eficiente significa entender que, em tempos de transformação constante, a escolha certa de parceiros e fontes de dados pode ser o diferencial competitivo que sua empresa precisa.
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