Vinícius Farias, Aluno do Doutorado Profissional em Administração da FGV EAESP. Superintendente do FGV In Company.
O mundo do trabalho está em constante transformação, impulsionado por avanços tecnológicos, mudanças demográficas, questões climáticas e expectativas das diferentes gerações. A pergunta que se impõe é: as lideranças da sua organização estão preparadas para esse cenário?
O futuro do trabalho exige líderes ágeis, empáticos e capazes de navegar em um ambiente cada vez mais complexo e digital. Eles precisam se adaptar rapidamente, desenvolvendo competências que vão além das habilidades técnicas tradicionais. É o que relatam pesquisas e relatórios, como o “The Future of Jobs Report 2025”, publicado recentemente pelo Fórum Econômico Mundial.
Uma das competências mais críticas para esses profissionais é justamente a capacidade de aprender continuamente. A velocidade com que novas tecnologias surgem e se tornam obsoletas exige que estejam sempre atualizados. Organizações que incentivam a aprendizagem contínua, portanto, estarão melhor preparadas para enfrentar os desafios do amanhã. Isso inclui não apenas o domínio de ferramentas digitais, mas também a compreensão de como essas tecnologias podem ser aplicadas para gerar valor ao negócio.
Outra competência essencial é a inteligência emocional. Em um mundo onde a automação e a inteligência artificial estão assumindo tarefas repetitivas, as habilidades humanas tornam-se ainda mais valiosas. Líderes com alta inteligência emocional são capazes de construir relacionamentos sólidos, gerenciar conflitos de forma eficaz e inspirar suas equipes a alcançar objetivos comuns. A empatia, em particular, será importante para liderar equipes diversas e multigeracionais, onde as necessidades e expectativas podem variar significativamente.
A capacidade de tomar decisões em ambientes de incerteza também se destaca como uma competência fundamental, principalmente em um cenário empresarial marcado por volatilidade, incerteza, complexidade e ambiguidade (VUCA). Líderes que conseguem analisar dados, avaliar riscos e tomar decisões rápidas e informadas terão uma vantagem competitiva. Isso requer não apenas habilidades analíticas, mas também a capacidade de manter a calma e a clareza em situações de pressão.
A colaboração e a capacidade de trabalhar em equipe são igualmente importantes. O futuro do trabalho será cada vez mais baseado em projetos interdisciplinares e em equipes distribuídas remota e globalmente. Líderes que conseguem promover uma cultura de colaboração, onde as ideias são compartilhadas livremente e as contribuições de todos são valorizadas, estarão melhor posicionados para aproveitar a diversidade de pensamento e impulsionar a inovação.
Além disso, a resiliência será uma característica indispensável para os líderes do futuro. A capacidade de se adaptar a mudanças rápidas e de se recuperar de contratempos será crucial em um ambiente de negócios cada vez mais imprevisível. Líderes resilientes não apenas conseguem enfrentar adversidades, mas também inspiram suas equipes a fazer o mesmo, criando uma cultura organizacional forte e coesa.
Por fim, a visão estratégica e a capacidade de pensar a longo prazo serão diferenciais fundamentais. Enquanto as tecnologias continuam a evoluir, os líderes precisam estar atentos às tendências emergentes e antecipar como elas podem impactar seus negócios. Isso requer uma compreensão profunda do mercado, da concorrência e das necessidades dos clientes, bem como a capacidade de traçar um caminho claro para o futuro.
O futuro do trabalho exige líderes que combinem habilidades técnicas e humanas, capazes de navegar em um ambiente complexo e em constante mudança. A aprendizagem contínua, a inteligência emocional, a tomada de decisão em condições de incerteza, a colaboração, a resiliência e a visão estratégica são competências que se destacam como essenciais para o sucesso no novo cenário empresarial.
A reflexão urgente é: de que forma sua organização está investindo (se está) no desenvolvimento dessas competências em suas lideranças?
Texto originalmente publicado no blog Gestão e Negócios do Estadão, uma parceria entre a FGV EAESP e o Estadão, reproduzido na íntegra com autorização.
Os artigos publicados na coluna Blog Gestão e Negócios refletem exclusivamente a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, a visão da Fundação Getulio Vargas ou do jornal Estadão