• Sobre o Blog Impacto
  • FGV EAESP
  • FGV EAESP Pesquisa
  • Acontece
    • Notícias
    • Eventos
  • Para alunos
    • Serviços para alunos
    • Comunidade FGV
  • Para candidatos
  • Para empresas
    • Soluções para empresas
    • Clube de parceiros FGV
  • Alumni
  • Contato
Blog Impacto - FGV EAESP Pesquisa
  • Adm. de empresas
  • Adm. pública
  • Notícias
  • Colunas
    • Blog Impacto
    • Blog Gestão e Negócios
  • Vídeos
  • Podcast
Nenhum resultado
Ver todos os recultados
Blog Impacto - FGV EAESP Pesquisa
Home Blog Gestão e Negócios

O Sofrimento no Trabalho Não é Apenas Individual, Mas Estrutural

25 de agosto de 2025
Tecnologia e Mente: Qual o Limite da Gestão?

Stênio Nordau S. Alvarenga, Aluno do Doutorado Profissional em Administração – DPA da FGV EAESP

O título deste artigo é parte de uma citação do médico-psiquiatra e psicanalista francês, Christophe Dejours, que emergiu como um dos pensadores mais influentes do século XXI na análise das relações entre trabalho, saúde mental e sociedade. Professor no Conservatoire National des Arts et Métiers (CNAM) de Paris, ele é considerado o principal expoente da Psicodinâmica do Trabalho, campo que investiga como as condições laborais moldam a subjetividade humana, gerando tanto sofrimento patogênico, quanto em contextos favoráveis, realização e criatividade.

Conteúdorelacionado

Crowdsourcing: quem deve alimentar seu banco de dados para a Inteligência Artificial?

Inteligência Artificial, Impacto Real: a Nova Cara das Finanças Sustentáveis

Como a requalificação urbana e a presença da guarda municipal reduziram crimes de rua em bairro do Rio

Em continuidade ao último artigo aqui publicado – Alerta geral ao futuro do trabalho! – apresentamos neste alguns caminhos sob a ótica de Dejours, para que a relação empregado-empresa seja mais equilibrada e virtuosa entre as partes.

Dejours conceitua o sofrimento e prazer no trabalho, diferenciando o sofrer patogênico (que adoece), quando o trabalhador não tem recursos (autonomia, apoio coletivo, reconhecimento) para lidar com as pressões, do sofrer criativo (que pode levar à realização), que ocorre quando o trabalhador consegue ressignificar o sofrimento através da ação coletiva, criatividade ou reconhecimento, superando desafios com apoio da equipe e sentindo orgulho ao resolver problemas complexos. Para o pesquisador, a forma como as empresas organizam tarefas, avaliam desempenhos e (des)valorizam os trabalhadores, determina o sofrimento no trabalho, portanto, não basta tratar o trabalhador doente, é preciso curar o trabalho que adoece. Medicalizar o sofrimento no trabalho, tratando um burnout por exemplo, apenas com remédios, sem mudar as causas, não promoverá uma melhoria consistente na relação. As clínicas do trabalho então surgem como alternativa e passo na direção de uma mobilização coletiva mais abrangente.

Clínicas do trabalho

Dejours desenvolveu o conceito das clínicas do trabalho, como um espaço de escuta e transformação das relações laborais. Essas clínicas não são apenas dispositivos terapêuticos individuais, mas ferramentas coletivas para entender e combater o sofrimento no trabalho. São espaços de discussão e análise onde trabalhadores podem falar sobre suas experiências, dificuldades e estratégias de enfrentamento no ambiente laboral. Inspiradas na psicanálise e na ergonomia, elas têm três objetivos principais:

– Identificar fontes de sofrimento relacionadas à organização do trabalho;

– Promover o reconhecimento entre colegas e gestores;

– Propor mudanças concretas nas condições de trabalho.

Na prática, funcionam como grupos de discussão onde trabalhadores de uma mesma empresa ou setor se reúnem para relatar suas vivências, sem a presença de chefias, para evitar censura, garantindo um ambiente seguro, onde Psicólogos, ergonomistas ou consultores especializados ajudam a interpretar os problemas e propor soluções.

As demandas levantadas são encaminhadas para a gestão, pressionando por mudanças organizacionais. As clínicas do trabalho surgem como alternativa porque dão voz aos trabalhadores, pois muitos não denunciam más condições por medo de demissão ou estigma. Explicitam contradições organizacionais, pois mostram a diferença entre o trabalho prescrito (o que a empresa exige) e o trabalho real (o que o funcionário realmente faz). Fortalecem a resistência coletiva, pois a solidariedade entre colegas é um antídoto contra a alienação.

O movimento de implementação da Clínica já é uma realidade em Hospitais franceses, onde médicos e enfermeiros a utilizaram para combater o esgotamento por jornadas excessivas. Em Indústrias automotivas, onde os Operários relataram como a pressão por produtividade gerava acidentes, levando a mudanças nos processos.

No Brasil, alguns sindicatos e universidades têm experimentado modelos similares, principalmente em setores com alto índice de adoecimento, como call centers e transporte. O desafio agora é vencer a resistência patronal que muitas vezes enxergam preconceituosamente a CT como ameaça, pois questionam a gestão e seu controle, podem reduzir produtividade em prol da saúde do trabalhador e dependem de parcerias especializadas.

Os efeitos das intervenções são difusos e de longo prazo, gerando ainda ceticismo em comparação a soluções técnicas rápidas (como medicar um trabalhador com estresse).

As resistências refletem tensões entre lógicas distintas: saúde × produtividade, coletivo × individual, transformação × manutenção do status quo. Superá-las exige articulação política interna (papel importantíssimo do RH), formação crítica de profissionais (maturidade) e mobilização dos trabalhadores para que as clínicas não sejam apenas espaços de escuta e reclamações (lista de desejos), mas sim de luta por trabalho digno.

Como bem disse Dejours: “Quando o trabalho adoece em silêncio, a clínica do trabalho é o grito que recusa a naturalização da dor.”

Texto originalmente publicado no blog Gestão e Negócios do Estadão, uma parceria entre a FGV EAESP e o Estadão, reproduzido na íntegra com autorização.

Os artigos publicados na coluna Blog Gestão e Negócios refletem exclusivamente a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, a visão da Fundação Getulio Vargas ou do jornal Estadão

CompartilharTweetarCompartilharEnviar

Conteúdo relacionado

Crowdsourcing: quem deve alimentar seu banco de dados para a Inteligência Artificial?
Administração de empresas

Crowdsourcing: quem deve alimentar seu banco de dados para a Inteligência Artificial?

22 de agosto de 2025
Tecnologia e Mente: Qual o Limite da Gestão?
Blog Gestão e Negócios

Inteligência Artificial, Impacto Real: a Nova Cara das Finanças Sustentáveis

21 de agosto de 2025
Como a requalificação urbana e a presença da guarda municipal reduziram crimes de rua em bairro do Rio
Administração pública

Como a requalificação urbana e a presença da guarda municipal reduziram crimes de rua em bairro do Rio

20 de agosto de 2025

Conteúdo recente

Tecnologia e Mente: Qual o Limite da Gestão?

O Sofrimento no Trabalho Não é Apenas Individual, Mas Estrutural

25 de agosto de 2025
Crowdsourcing: quem deve alimentar seu banco de dados para a Inteligência Artificial?

Crowdsourcing: quem deve alimentar seu banco de dados para a Inteligência Artificial?

22 de agosto de 2025
Tecnologia e Mente: Qual o Limite da Gestão?

Inteligência Artificial, Impacto Real: a Nova Cara das Finanças Sustentáveis

21 de agosto de 2025

Mais lidos

Professora Gabriela Lotta conquista três prêmios por pesquisas em Administração Pública

Professora Gabriela Lotta conquista três prêmios por pesquisas em Administração Pública

8 de agosto de 2025
Estudo da FGV propõe impostos sobre o tabaco para financiar prevenção ao câncer de pulmão

Consumo e varejo desaceleram no Brasil: projeções da FGV para 2025 e 2026

31 de julho de 2025
#PodcastImpacto: Agentes prisionais e emoções no trabalho

#PodcastImpacto: Agentes prisionais e emoções no trabalho

18 de agosto de 2025
Redução da jornada de trabalho?

Redução da jornada de trabalho?

10 de abril de 2025
Vacinar contra Chikungunya pode reduzir custos de saúde e afastamentos do trabalho

Mais concorrência, passagens mais baratas: estudo mostra como redistribuir slots pode beneficiar passageiros

28 de julho de 2025
Estudo da FGV propõe impostos sobre o tabaco para financiar prevenção ao câncer de pulmão

Estudo da FGV propõe impostos sobre o tabaco para financiar prevenção ao câncer de pulmão

30 de julho de 2025

Tags

administração de empresas administração pública bem estar coronavírus covid-19 diversidade educação empreendedorismo empresas ESG Estratégia FGVcemif FGV EAESP finanças gestão gestão de saúde gestão pública gênero inovação Inteligência Artificial liderança marketing mudanças climáticas mulheres negócios Notícias internas ODS3 ODS 3 ODS 8 ODS 9 ODS 16 organizações pandemia política pública políticas públicas saúde saúde de qualidade saúde pública supply chain SUS sustentabilidade tecnologia trabalho transformação digital transparência
#podcast Impacto: A relação entre autonomia e desempenho de Defensorias Públicas na América Latina

Podcast Impacto

28 Episode
Subscribe
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Agentes prisionais e emoções no trabalho

18 de agosto de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Eficiência e acesso em saúde: o que podemos aprender com sistemas universais em países em desenvolvimento?

11 de julho de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Como a gestão municipal pode reduzir desigualdades educacionais?

12 de junho de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto – Feminist Foreign Policy: liderança feminina e cultura política internacional

10 de abril de 2025
  • Add to Queue
  • Share
    Facebook Twitter Linked In WhatsApp

#PodcastImpacto: Intraempreendedorismo no setor público: inovação e inclusão social

13 de março de 2025
Disseminação do conhecimento
Catálogo dos Centros de Estudos

As manifestações expressas por integrantes dos quadros da Fundação Getulio Vargas, nas quais constem a sua identificação como tais, em artigos e entrevistas publicados nos meios de comunicação em geral, representam exclusivamente as opiniões dos seus autores e não, necessariamente, a posição institucional da FGV. Portaria FGV Nº19

Welcome Back!

Login to your account below

Forgotten Password?

Retrieve your password

Please enter your username or email address to reset your password.

Log In

Add New Playlist

Nenhum resultado
Ver todos os recultados
  • Adm. de empresas
  • Adm. pública
  • Notícias
  • Colunas
    • Blog Impacto
    • Blog Gestão e Negócios
  • Vídeos
  • Podcast

-
00:00
00:00

Queue

Update Required Flash plugin
-
00:00
00:00