Em um mundo cada vez mais pressionado por metas de redução de carbono e práticas empresariais responsáveis, surge uma pergunta essencial: a inteligência artificial (IA) pode realmente ajudar a proteger o meio ambiente? Pesquisadores buscaram responder a essa questão, analisando como as capacidades habilitadas por IA podem melhorar tanto o desempenho ambiental quanto a eficiência produtiva nas empresas de manufatura.
O estudo — conduzido por Samuel Fosso Wamba, Cameron Guthrie, Maciel M. Queiroz (FGV EAESP) e Adegboyega Oyedijo — foi publicado no International Journal of Production Research e oferece evidências concretas de que a IA pode, sim, ser uma aliada poderosa da sustentabilidade corporativa.
Os pesquisadores coletaram dados de 128 gestores de empresas de manufatura — 54 nos EUA e 74 no Reino Unido. Eles testaram um modelo que conecta as capacidades de IA ao desempenho ambiental e produtivo. Entre essas capacidades estão a percepção de oportunidades, o aprendizado organizacional, a coordenação entre áreas, a integração de dados em tempo real e a reconfiguração de processos.
Com base em análises estatísticas, o grupo comprovou que empresas que desenvolvem essas competências conseguem melhorar sua sustentabilidade e competitividade simultaneamente.
Inteligência artificial e meio ambiente: como a IA pode impulsionar a sustentabilidade nas empresas
Os resultados mostram que a IA pode ir muito além da automação. Quando aplicada de forma estratégica, ela permite que as empresas prevejam demandas, otimizem o uso de recursos e reduzam desperdícios. Isso cria um ciclo virtuoso de eficiência e responsabilidade ambiental.
Empresas que usam IA para analisar dados de produção e identificar gargalos, por exemplo, conseguem diminuir o consumo de energia e matérias-primas, além de reduzir falhas e emissões.
No entanto, o impacto varia conforme o contexto. Nos Estados Unidos, a IA está mais associada à produtividade e à inovação tecnológica, impulsionada por investimentos robustos em Indústria 4.0. Já no Reino Unido, onde há metas governamentais de carbono mais rígidas, a IA é utilizada para atender a regulações ambientais e reduzir impactos ecológicos.
O que as empresas podem aprender com isso
O estudo indica que a IA só gera resultados sustentáveis quando integrada à estratégia da empresa. Portanto, não basta investir em ferramentas tecnológicas. É preciso desenvolver capacidades organizacionais que permitam aprender com os dados, adaptar processos e coordenar ações entre fornecedores, parceiros e clientes. Dessa forma, essas capacidades ajudam a criar cadeias de suprimentos mais transparentes e resilientes, essenciais para enfrentar crises ambientais e novas exigências regulatórias.
Além disso, gestores que utilizam IA de forma inteligente conseguem selecionar fornecedores mais sustentáveis, reduzir resíduos e garantir conformidade ambiental. Empresas que adotam IA de maneira consciente não apenas ganham em produtividade, mas também contribuem para um modelo de crescimento mais verde e ético.
Por fim, a chave está em usar a IA como um meio de evolução organizacional, e não apenas como uma tecnologia de automação. Em um cenário global de transição ecológica, a pesquisa mostra que inteligência artificial e meio ambiente podem, sim, caminhar lado a lado — desde que a inovação venha acompanhada de propósito e responsabilidade.
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