A agressividade tributária refere-se a estratégias, muitas vezes abusivas, que as empresas utilizam para minimizar sua carga tributária. No Brasil, as práticas fiscais agressivas incluem vendas subfaturadas, por exemplo. Tais práticas podem resultar em informações financeiras menos transparentes e dificultar a análise precisa por parte dos analistas de mercado, responsáveis por fazer previsões sobre as finanças da companhia. Como consequência, elas podem afetar o comportamento e as decisões de investidores.
É o que mostra artigo publicado pelo pesquisador da FGV EAESP Rafael Moreira Antônio, em colaboração com autores da Fucape Business School, na “Revista de Administração Mackenzie (RAM)”. Para entender como as práticas fiscais agressivas se relacionam com as previsões feitas por analistas de mercado, os pesquisadores levantaram dados de 212 empresas brasileiras listadas na bolsa de valores do país e que têm acompanhamento de analistas financeiros. Eles analisaram 32 trimestres fiscais das organizações, no período compreendido entre 2010 e 2017, resultando num total de 2.804 observações.
Agressividade fiscal no Brasil distorce informações e aumenta riscos para investidores
No cenário de agressividade tributária, as companhias podem manipular, distorcer ou omitir informações financeiras para atingir determinados resultados e metas fiscais. Isso prejudica significativamente a precisão das previsões dos analistas de mercado, levando a análises menos acuradas e confiáveis.
A dificuldade em obter informações precisas sobre o desempenho financeiro das empresas também pode levar a uma maior percepção de risco por parte dos investidores e analistas, ou mesmo refletir no valor das ações da empresa. Com isso, a sua decisão em investir ou não na companhia é influenciada de forma negativa.
O estudo encontrou evidências de que um maior número de analistas cobrindo uma empresa está associado a uma melhora na qualidade das previsões. Isso sugere que a cobertura de especialistas aumenta a demanda por informações mais detalhadas das empresas, podendo influenciar tanto a adoção de políticas de agressividade fiscal quanto a precisão das previsões.
Em estudos futuros, os pesquisadores sugerem expandir a análise para outros mercados, comparando o comportamento entre mercados emergentes e desenvolvidos, por exemplo.
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