Das muitas formas técnicas de explicar como funciona a tecnologia de blockchain, os pesquisadores Adrian Kemmer Cernev e Trícia Karla Lacerda Moraes, da FGV EAESP, escolheram uma das mais simples: “é uma forma diferente e criativa de guardar informações”, sintetizam em artigo publicado na RAE (Revista de Administração de Empresas). Criado em 2008 como base para a invenção da criptomoeda bitcoin, o blockchain consegue propiciar confiança para transações digitais ao registrar múltiplas cópias do “comprovante” da transação entre os muitos participantes de uma rede de blockchain.
A solução da tecnologia blockchain é perfeita para as criptomoedas, mas também está sendo aplicada em diversos outros contextos e finalidades, explicam os autores do artigo. Só no Brasil, segundo dados de outubro de 2020, existiam mais de 180 startups dedicadas a oferecer soluções baseadas em blockchain, conhecidas também como criptossoluções, que vão desde sistemas de gestão de resíduos, rastreamento de investimentos do setor público, até uma plataforma de envio de dinheiro ao exterior.
Analisando casos específicos como o da brasileira OriginalMy, os autores ressaltam que parte dos desafios das empresas que apostam em criptossoluções tem relação com a capacidade de atrair profissionais capacitados em blockchain, a necessidade de instruir os clientes e demais stakeholders sobre a tecnologia emergente e, principalmente, superar as restrições regulatórias.
Novos usos criativos também devem surgir com o passar dos anos, conforme novas aplicações da tecnologia se mostrarem eficientes, como é o caso do uso do blockchain no Sistema Único de Saúde (SUS), que tem sido utilizado desde o início da pandemia para contabilizar os resultados dos exames de Covid-19.
No entanto, para que seja possível ampliar o valor do blockchain na sociedade, será preciso expandir a sua utilização, superar o desconhecimento do público e também resolver as incertezas regulatórias. “Mesmo a tecnologia mais poderosa e robusta existente para a construção de confiança digital precisa contar com a confiança prévia dos usuários para atingir escalabilidade”, concluem os autores.
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