O desenvolvimento ágil de software já é usado por mais de 70% dos departamentos de tecnologia no mundo. Essa abordagem se destaca pela entrega rápida, pela colaboração constante e pela flexibilidade em responder a mudanças. Porém, mesmo em ambientes ágeis, surgem desafios de coordenação: alinhar recursos, prazos e equipes é essencial para o sucesso.
Foi nesse contexto que o pesquisador Marco Alexandre Terlizzi, da FGV EAESP, em coautoria com Bruno Michel Costa de Brito, Junielli Olinto de Almeida Alves e Mariana Staudt Rodrigues, conduziu uma pesquisa publicada na Communications of the Association for Information Systems. O estudo replicou de forma conceitual a pesquisa original australiana para avaliar como os artefatos de coordenação funcionam em projetos de desenvolvimento ágil no Brasil. Esses artefatos podem ser definidos como relatórios, cronogramas, quadros Kanban e protótipos utilizados para agilizar o desenvolvimento do projeto.
Enquanto o estudo original analisou duas empresas de médio porte australianas, a replicação brasileira investigou dois departamentos de uma grande empresa de consultoria global. Os pesquisadores realizaram oito entrevistas com profissionais de diferentes níveis hierárquicos, além da análise de documentos e apresentações do projeto. Portanto, o objetivo foi verificar se o arcabouço teórico da coordenação se mantinha estável em outro país e em uma organização de maior porte.
Coordenação de projetos ágeis de software no Brasil
O estudo mostrou que os artefatos de coordenação têm papel decisivo ao longo das fases de iniciação, design e desenvolvimento. Eles facilitam o alinhamento entre equipes, garantem clareza no andamento das atividades e reduzem os riscos de falhas de comunicação. Além disso, a pesquisa confirmou que dois fatores são fundamentais:
- Riqueza de informação: quanto mais detalhados e claros os artefatos, maior sua utilidade para coordenação.
- Mutabilidade: a capacidade de adaptação dos artefatos garante que eles permaneçam relevantes mesmo quando o projeto muda de direção.
Enquanto na Austrália a maior dificuldade ocorreu na alocação inicial de recursos entre duas empresas, no Brasil o desafio mais evidente foi manter o alinhamento entre departamentos internos durante o desenvolvimento. Outra diferença importante foi o uso ampliado de artefatos visuais e de exposição no caso brasileiro, o que facilitou a transparência e o acompanhamento do progresso do projeto.
Por fim, os resultados confirmam que o arcabouço teórico proposto pelo artigo original é aplicável a diferentes contextos culturais e organizacionais. Mais do que isso, o estudo oferece insights práticos para gestores e equipes de tecnologia: usar os artefatos certos, ajustá-los ao longo do tempo e investir em ferramentas de comunicação visual aumenta significativamente as chances de sucesso em projetos ágeis.
Assim, a pesquisa reforça que, embora a metodologia ágil traga flexibilidade, a coordenação estruturada é o elemento-chave que conecta pessoas, processos e tecnologia em direção a resultados concretos.
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