A construção de uma marca pessoal nas redes sociais pode ser minuciosamente planejada ou intuitivamente desenvolvida. Para que sejam efetivas nesse sentido, as postagens de um influenciador digital (ou mesmo de qualquer pessoa que deseja criar uma imagem pública nas redes) devem apresentar um alto grau de coerência, tanto na natureza dos conteúdos postados quanto na forma da narrativa, a fim de alcançar o seu propósito, seja ele profissional ou a promoção de uma causa, por exemplo. Essa é a conclusão do pesquisador Benjamin Rosenthal, da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), em análise na revista “GV Executivo” de 2 de abril.
Para exemplificar como se dá o processo de self-branding (o desenvolvimento dessa imagem pública) nas mídias sociais, além de se basear na literatura sobre o tema, Rosenthal analisou 100 posts do Instagram da ativista sueca de 17 anos Greta Thunberg, que tem 9,2 milhões de seguidores. Foram considerados os conteúdos de fotos, vídeos e textos (e classificados em categorias como pessoal, profissional, contextual) e os elementos da narrativa (expressão facial, companhias, vestimentas). O objetivo era verificar como eles são utilizados para construir a sua marca pessoal – de garota despojada e defensora das causas ambientais.
Coerência no conteúdo e na narrativa
“Nos posts analisados, existe coerência no mix de conteúdos abordados. Embora sejam de naturezas diversas, todos convergem para o mesmo ponto: o movimento de ativismo ecológico protagonizado por uma adolescente. Em termos de narrativa, ela se apresenta de forma simples e natural, como uma menina típica da sua idade, seja no tom de voz, na escolha das palavras, nas imagens de fundo ou na forma como se veste, reforçando o conteúdo das postagens”, explica o autor.
Para ele, que estuda influência digital nas redes sociais, entender a construção dessa marca pessoal é muito importante no contexto atual. “Cada vez mais as pessoas precisam ser empreendedoras e se colocarem publicamente, ou porque têm um negócio ou causa própria ou porque necessitam se destacar na empresa onde trabalham”. O próximo passo da pesquisa, segundo Rosenthal, é estruturar como essa influência digital acontece. “Queremos estabelecer quais são os elementos que constroem essa influência, como o conteúdo postado, a audiência ou a pessoa que se é”.