Ataques a cargas em transporte rodoviário em Cadeia de Suprimentos (CS), que incluem roubo de carga, sequestro e fraudes diversas, causa perdas estimadas em mais de US$ 30 bilhões anualmente. Contudo, esse problema é especialmente grave em mercados emergentes como Brasil, China, México e África do Sul, onde as instituições regulatórias são fracas. A fraca aplicação da lei e a corrupção aumentam tal risco na CS. Isso dificulta o desenvolvimento de confiança entre os colaboradores e a capacidade de lidar com esses desafios.
Pesquisadores da FGV EAESP, Kenyth Alves de Freitas e Ely Laureano Paiva, em parceria com colegas dos EUA, publicaram um estudo na International Journal of Operations & Production Management, analisando nove empresas de diversos setores no Brasil, como automotivo, bebidas, alimentos, eletrônicos, farmacêutico e tabaco, que transportam seu produto via rodovia no mercado doméstico. O estudo, baseado em 60 entrevistas com empresas e órgãos públicos, avaliou categorias de conscientização e avaliação, resposta e resiliência. Os pesquisadores classificaram as estratégias como reativa, tecnológica e colaborativa. Assim, ilustram como diferentes níveis de valor de produto e risco de ataque afetam a resiliência das cadeias de suprimentos.
Portanto, o estudo visa entender como as empresas se tornam resilientes a ataques a cargas em suas cadeias de suprimentos através de mecanismos de governança transacional e relacional. Esses mecanismos ajudam a reduzir o risco de ataques a carga na CS, incluindo tecnologia, políticas e práticas que aumentam a visibilidade e o controle do comportamento. Além disso, empresas podem aprender proativamente com ocorrências passadas e compartilhar conhecimentos com parceiros internos e externos à CS. Dessa forma, utilizam a memória institucional para desenvolver respostas eficazes em ambientes de alto risco.
Para enfrentar a incerteza, empresas desenvolvem mecanismos de governança que promovem a confiança e reduzem riscos.
A governança transacional estabelece trocas entre membros da CS através de políticas legais e incentivos econômicos. Já a governança relacional constrói estratégias conjuntas para resolver problemas, comunicar-se efetivamente, compartilhar informações e monitorar sistemas.
Empresas com Estratégia Tecnológica utilizam avanços tecnológicos para monitorar produtos, incluindo o bloqueio de celulares roubados e o rastreamento de remessas. Por outro lado, empresas com Estratégia Colaborativa dependem de relacionamentos interorganizacionais para selecionar parceiros confiáveis e aplicar governança transacional e relacional. Empresas de alto valor de produto e baixo risco adotam uma Estratégia Reativa. Elas transferem os custos de mitigação do risco de ataques a cargas na CS para seguradoras e consumidores.
Portanto, os resultados sugerem que as empresas aprendem com incidentes passados de ataques a cargas na sua cadeia de suprimentos, incorporando esse aprendizado para antecipar e responder melhor a ocorrências futuras. Após atualização e revisão da estratégia, as empresas que adotam uma Estratégia Colaborativa ou Tecnológica se destacam na antecipação, resposta e superação dessa ameaça. Essas empresas se tornaram mais resilientes, operando eficazmente sob a constante ameaça de ataques a cargas na CS e minimizando seu impacto nos negócios. A pesquisa orienta gestores a expandirem suas estratégias de SCRM (Supply Chain Risk Management), incluindo ataques a cargas como uma ameaça crucial a ser mitigada.
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