As cidades modernas enfrentam desafios cada vez mais complexos relacionados ao abastecimento de alimentos, água e energia. A interdependência desses três elementos é conhecida como o nexo alimento-água-energia, um conceito essencial para o desenvolvimento urbano sustentável. Sendo assim, os telhados urbanos surgem como uma solução inovadora para otimizar recursos, descentralizar a produção de energia e reduzir impactos ambientais.
O professor José A. Puppim de Oliveira, da FGV EAESP, em colaboração com pesquisadores chineses, conduziu o estudo publicado na revista Applied Energy. A pesquisa analisou três tipos principais de sistemas de telhados urbanos: telhados descobertos (com painéis fotovoltaicos), telhados verdes (com vegetação e energia solar) e telhados de cultivo ao ar livre (com produção de alimentos). Sendo assim, os pesquisadores utilizaram sistemas de informação geográfica (GIS), avaliação do ciclo de vida e algoritmos de otimização para estimar o impacto desses sistemas em Shenzhen, China, e avaliar sua aplicação em outros contextos urbanos, incluindo o Brasil.
Portanto, a pesquisa revelou que a área total de telhados na cidade de Shenzhen é de aproximadamente 193,95 km². Desses, cerca de 42,83% são adequados para desenvolvimento de sistemas sustentáveis. Entre os principais resultados, destacam-se:
- O uso de telhados para captação de água poderia suprir até 82,5% da meta de reutilização de água urbana projetada para 2035 na cidade.
- O sistema de cultivo em telhados tem potencial para garantir a autossuficiência de vegetais na cidade.
- A geração descentralizada de energia solar pode reduzir significativamente a dependência de fontes externas de eletricidade, minimizando as pegadas transfronteiriças de carbono e água.
Embora o estudo tenha sido conduzido na China, a metodologia pode ser aplicada em outros contextos urbanos, principalmente no Sul Global. O professor José A. Puppim de Oliveira participou da avaliação dos sistemas, trazendo sua expertise para adaptar os modelos a diferentes realidades. Ademais, algumas cidades brasileiras já testam soluções semelhantes para reduzir o impacto ambiental e aumentar a resiliência urbana.
Estudos como esse demonstram que a integração entre alimentos, água e energia nos telhados urbanos é uma estratégia viável para tornar as cidades mais sustentáveis e resilientes. Portanto, ao aproveitar espaços subutilizados, como os telhados, é possível reduzir impactos ambientais, melhorar a qualidade de vida urbana e garantir recursos essenciais para a população. Por fim, o avanço dessas pesquisas contribui para a transição de centros urbanos em direção a um futuro mais eficiente e equilibrado, beneficiando muitas cidades ao redor do mundo.
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