O movimento de abertura de ruas, em São Paulo, tem ganhado força. Ele oferece algo cada vez mais necessário nas grandes cidades: mais áreas de lazer, mais espaços seguros para caminhar e mais oportunidades para fortalecer o comércio local. Foi justamente para entender como ampliar esse impacto que o professor da FGV EAESP, Alexandre Abdal, e os professores convidados Letícia Sabino (Instituto Caminhabilidade) e Victor Callil (Cebrap), junto com uma turma de alunos da graduação em Administração Pública, desenvolveram um estudo detalhado sobre o tema. O trabalho foi desenvolvido no âmbito da disciplina Projeto Aplicado, 6º semestre do Curso de Graduação em Administração Pública, e foi realizado em parceria com o Instituto Caminhabilidade e o Cebrap.
Para construir as propostas, o grupo combinou análise normativa, levantamento de campo, entrevistas, mapas temáticos e o desenvolvimento de uma ferramenta própria. A Matriz ANDAVEL é método de priorização de territórios para o recebimento de abertura de avenidas para o lazer.
Como fazer uma Expansão do Programa Ruas Abertas em São Paulo
Os resultados mostram que a expansão do Programa precisa ir além do centro da cidade, alcançando bairros onde o acesso ao lazer ainda é limitado. Por isso, a análise destacou distritos como Guaianases, Lajeado, Cidade Tiradentes e, principalmente, Sapopemba. Esses locais reúnem alta densidade populacional, baixa renda e poucas áreas públicas qualificadas. A partir dessa análise, a Av. Sapopemba foi selecionada como via-piloto para a modalidade Avenidas Abertas para o Lazer, pois apresenta boa arborização, ciclovia, conexão com ônibus e metrô e um parque acessível diretamente pela via. Ela seria a continuidade do programa que já existe na Av. Paulista desde 2017 e, mais recentemente, na Liberdade.
O estudo também investigou a expansão do programa em áreas comerciais. Dessa forma, os pesquisadores analisaram diferentes ruas representativas da cidade e concluíram que a Rua José Paulino, no Bom Retiro, reúne as melhores condições para um projeto-piloto de Ruas Abertas Comerciais. Além disso, a escolha considerou fatores como transporte, presença de bicicletários, tipo de via e relevância econômica do comércio local.
Evidências, Propostas e Novos Caminhos para a Cidade
Sendo assim, os autores destacam que abrir ruas para as pessoas é mais do que uma ação de mobilidade. Na prática, essa medida transforma a experiência urbana, ressignifica a cidade, amplia a convivência, fortalece os pequenos negócios, cria oportunidades de cultura e reforça o pertencimento. Por isso, o relatório propõe a criação de uma nova lei. Ela contaria com regras claras, monitoramento contínuo e um modelo de governança que atribua prioridade política ao Programa e envolva poder público e comunidade. Assim, órgãos públicos garantiriam previsibilidade e legitimidade ao programa.
Por fim, o estudo mostra que a expansão das Ruas Abertas depende diretamente da capacidade de integrar mobilidade, lazer, comércio e cultura em uma mesma estratégia. Mais do que um programa de circulação, trata-se de uma forma de repensar o espaço urbano. Isso torna São Paulo mais democrática, vibrante e acessível para todos.
Alunos envolvidos no projeto: André Rhinow, Arthur Quinello, Camila Melo, Davi Fullin, Giovana Iwata, Giovana Rodrigues, Guilherme de Aguiar, Lucas Clemente, Maria Isabela Marques, Melissa Kawakami, Rafaela Félix, Rhayani Dias, Sol Lee Min.













