Com o aumento das temperaturas e das chuvas, doenças transmitidas por mosquitos, como dengue, zika e chikungunya, estão se espalhando com mais frequência pelo Brasil. A chikungunya, em particular, é conhecida por causar febre alta e dores nas articulações que podem durar semanas ou até anos, afetando a qualidade de vida e a capacidade de trabalho das pessoas. Com surtos anuais desde 2016, a doença representa não apenas um desafio de saúde pública, mas também um alto custo para a economia.
Vinicius Albani e Eduardo Massad, da FGV EAESP, conduziram a pesquisa e publicaram na revista científica Mathematical Biosciences. Para entender o impacto da vacinação contra chikungunya, os pesquisadores criaram um modelo matemático que simula a transmissão do vírus entre pessoas e mosquitos no Brasil. Portanto, com base em dados reais sobre os casos notificados entre 2014 e 2022, o modelo estimou diferentes cenários para avaliar o custo da doença e os possíveis benefícios econômicos da vacinação.
Os resultados mostram que vacinar a população pode ser economicamente viável, principalmente se iniciada o quanto antes.
Portanto, vacinar 10% da população brasileira logo no início de um possível surto seria suficiente para reduzir os custos totais relacionados à doença. Em muitos cenários analisados, essa estratégia levou a uma economia de até 83% nos custos totais, quando comparada à ausência de vacinação.
A pesquisa também destaca que vacinar toda a população pode não ser financeiramente viável. Em vez disso, focar em grupos de maior risco, como idosos, crianças e trabalhadores mais expostos, e em regiões onde o vírus é mais frequente, pode trazer melhores resultados tanto em saúde quanto em economia.
Com as mudanças climáticas e o aumento da temperatura, a área de atuação do mosquito transmissor tende a crescer. Isso reforça a urgência de estratégias mais inteligentes e preventivas de saúde pública. Além disso, as dores crônicas causadas pela chikungunya podem deixar pessoas incapacitadas por semanas ou meses, impactando diretamente a produtividade e o bem-estar da população economicamente ativa.
Prevenir é melhor (e mais barato) do que remediar
A principal mensagem do estudo é clara: agir antes do problema aparecer é mais eficiente e econômico. Investir em vacinação, mesmo que parcial e focada, pode poupar bilhões em gastos com saúde e perdas econômicas causadas por afastamentos do trabalho. Por fim, essa pesquisa oferece uma base sólida para que gestores públicos tomem decisões mais eficazes e sustentáveis em relação à Chikungunya. Isso considerando especialmente o avanço das mudanças climáticas no Brasil.
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