Gustavo Henrique Rodrigues Pessoa, Aluno do Doutorado Profissional em Finanças – FGV EAESP, Manager Director, Taleb Taleb Capital – Hedge Fund
A computação quântica deixou de ser apenas uma promessa futurista e já demonstra impactos reais no mundo corporativo. Empresas líderes globais como JPMorgan, Volkswagen e Roche começaram a integrar essa tecnologia em suas estratégias, obtendo vantagens competitivas em setores como finanças, saúde e logística. Compreender e adaptar-se às mudanças proporcionadas pela computação quântica tornou-se uma prioridade estratégica para gestores e executivos.
Diferentemente da computação tradicional, que utiliza bits em estados exclusivos de 0 ou 1, a computação quântica opera com qubits que podem assumir simultaneamente ambos os estados, devido à propriedade conhecida como superposição. Este princípio permite que os computadores quânticos processem vastas quantidades de informações simultaneamente, aumentando exponencialmente a velocidade dos cálculos em comparação aos computadores convencionais.
Outro conceito essencial é o entrelaçamento quântico, pelo qual dois ou mais qubits ficam conectados, possibilitando que alterações no estado de um qubit sejam instantaneamente refletidas em outro, independentemente da distância física entre eles. Essa propriedade abre novos horizontes para segurança digital, incluindo a possibilidade de comunicação segura e praticamente impossível de ser interceptada sem detecção imediata.
A velocidade oferecida pela computação quântica é impressionante. Por exemplo, enquanto computadores tradicionais podem levar anos para resolver problemas extremamente complexos, computadores quânticos podem resolvê-los em minutos ou mesmo segundos. Essa aceleração exponencial se deve à capacidade dos qubits de representarem múltiplas soluções potenciais simultaneamente. Com isso, algoritmos quânticos podem otimizar decisões e estratégias empresariais com eficiência nunca antes vista, gerando vantagens competitivas significativas para as empresas que os adotarem.
No setor financeiro, algoritmos quânticos têm revolucionado operações de otimização de carteiras e gestão de riscos, transformando processos anteriormente demorados em análises realizadas em minutos ou segundos. Por exemplo, o JPMorgan já utiliza algoritmos quânticos para identificar rapidamente oportunidades de arbitragem e melhorar a eficiência em alocação de capital.
Na indústria farmacêutica, simulações moleculares quânticas permitem a rápida análise de interações químicas complexas, acelerando a descoberta e desenvolvimento de novos medicamentos, reduzindo significativamente custos e tempo. Roche, por exemplo, já relata avanços significativos no uso de métodos quânticos para entender doenças e desenvolver terapias personalizadas com maior eficiência.
A logística também se beneficia enormemente da computação quântica. Empresas como a Volkswagen têm empregado algoritmos quânticos para otimizar redes de distribuição e reduzir custos operacionais em até 15%, aprimorando processos logísticos complexos, desde o planejamento de rotas até a gestão dinâmica de estoques.
No entanto, junto com essas oportunidades surgem desafios estratégicos significativos. A tecnologia quântica pode acentuar desigualdades de mercado, privilegiando empresas com maiores recursos tecnológicos e financeiros. Além disso, a segurança digital enfrentará grandes desafios, exigindo a rápida adoção de soluções como a criptografia pós-quântica, fundamental para proteger informações sensíveis contra possíveis ataques realizados por computadores quânticos.
Diante dessas transformações, os líderes empresariais precisam urgentemente incorporar a computação quântica em suas análises estratégicas e planos de ação, preparando suas organizações para competir e prosperar nessa nova era tecnológica.
Texto originalmente publicado no blog Gestão e Negócios do Estadão, uma parceria entre a FGV EAESP e o Estadão, reproduzido na íntegra com autorização.
Os artigos publicados na coluna Blog Gestão e Negócios refletem exclusivamente a opinião de seus autores, não representando, necessariamente, a visão da Fundação Getulio Vargas ou do jornal Estadão