A FGV EAESP sediou o UK-Brazil Conversa 2024, em parceria com a Canning House, reunindo especialistas e lideranças do Brasil e do Reino Unido para discutir, assuntos de convergência entre os dois países como sustentabilidade, liderança global, geopolítica e estratégias de colaboração no setor de saúde, com foco em inovação, transferência de tecnologia e pesquisa clínica.
Nesta temática, o painel “Inovação e Sustentabilidade nos Setores de Saúde, Ciências da Vida e Farmacêutico: Áreas de Colaboração entre o Reino Unido e o Brasil”, moderado por Henrique Frizzo, sócio do Trench Rossi Watanabe, contou com a participação de Olavo Correia, diretor da AstraZeneca no Brasil; Sue Ann Costa Clemens, diretora do Grupo Oxford-Brasil da Universidade de Oxford; e Elize Massard da Fonseca, professora da FGV EAESP e especialista em economia política da saúde.
Os especialistas refletiram sobre a capacidade acadêmica do Brasil na área de ciências da vida e os desafios para converter pesquisas em produtos inovadores. Em contraste, o Reino Unido tem superado muitas dessas barreiras, criando um ambiente mais favorável à inovação. Foram discutidas áreas onde o Brasil poderia se beneficiar de práticas colaborativas, especialmente na integração entre pesquisa e mercado.
O debate destacou a necessidade de maior integração entre os departamentos de pesquisa no Brasil, apontando como a falta de articulação acaba por limitar o potencial de transformar resultados acadêmicos em inovações práticas. Embora instituições como Fiocruz e Butantan tenham grande relevância, ainda falta uma coordenação mais eficiente que fomente a inovação disruptiva no setor.
Também foram abordados os desafios da pesquisa clínica no Brasil, que ocupa apenas a 20ª posição global, com entraves burocráticos e políticos sendo identificados como barreiras significativas ao crescimento e à atração de estudos clínicos.
A importância de aprimorar o ambiente regulatório foi outro ponto central do debate, com atenção especial à relação com a Anvisa. Apesar de ser uma referência na América Latina, a agência ainda enfrenta críticas pela lentidão na aprovação de medicamentos. O alcance do nível máximo de maturidade regulatória, nível IV, da Organização Mundial da Saúde poderia facilitar o acesso a novas terapias e inovações.
A colaboração entre Oxford e Fiocruz na transferência de tecnologia da vacina contra a COVID-19 foi mencionada como um exemplo de sucesso, demonstrando como uma estrutura sólida pode acelerar a adaptação de novas tecnologias. Também foi discutida a necessidade de ajustes nas Parcerias para o Desenvolvimento Produtivo (PDPs), com ênfase na segurança jurídica e na definição de produtos estratégicos.
O evento concluiu-se com um apelo para que as discussões possam se traduzir em políticas concretas, melhorando o ambiente de inovação no Brasil e fortalecendo as parcerias com o Reino Unido, com o objetivo de enfrentar os desafios de saúde pública de forma colaborativa.
A parceria entre a FGV EAESP e a Canning House destaca o compromisso da instituição de ensino em fomentar debates de relevância global, unindo o conhecimento acadêmico à prática com o objetivo de criar soluções inovadoras. A Canning House é um dos principais fóruns do Reino Unido dedicados à América Latina, promovendo discussões sobre tendências políticas, econômicas, sociais e ambientais da região. Em sua nona edição, o evento já reuniu líderes de ambos os países, promovendo um diálogo enriquecedor sobre as relações entre Brasil e Reino Unido e contou este ano com a presença do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite.