O Brasil está cada vez mais digital. Uma nova pesquisa do FGVcia, o Centro de Tecnologia de Informação Aplicada da FGV EAESP, revelou que o país tem 502 milhões de dispositivos digitais em uso — mais do que a população brasileira. Isso representa 2,4 aparelhos por habitante, entre smartphones, notebooks, tablets e computadores. O dado é da 36ª edição da Pesquisa Anual sobre o Mercado Brasileiro de TI e Uso nas Empresas, divulgada em junho de 2025.
A pesquisa é anual desde 1988 e, nesta edição, envolveu 2.672 médias e grandes empresas de diferentes setores. Ela foi conduzida pelo professor Fernando Meirelles, pesquisador e fundador do FGVcia, e é reconhecida como uma das mais completas do país sobre o uso de tecnologia nas empresas. Além de apresentar números impressionantes sobre o uso de dispositivos, a pesquisa também traz dados inéditos sobre inteligência artificial, investimentos em TI e custos operacionais.
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Dos dispositivos digitais, smartphones dominam e conectividade é móvel
O número de smartphones em uso chegou a 272 milhões, ou 1,3 por habitante, confirmando que o celular é o principal meio de acesso digital no país. Os computadores (desktops, notebooks e tablets) somam 230 milhões. Sendo assim, 92% dos dispositivos em uso são móveis, o que mostra que o brasileiro está cada vez mais conectado em movimento, com média de mais de 9 horas por dia online.
Além disso, as empresas brasileiras investem em média 10% da sua receita líquida em tecnologia da informação, valor que cresceu 6% ao ano desde 1988. Nos bancos, esse índice chega a 18%, com previsão de alcançar R$ 56 bilhões até 2027. Porém, o estudo revela um dado curioso: quanto maior a empresa, maior o custo anual de TI por usuário — em média R$ 60 mil por pessoa, podendo chegar a R$ 162 mil no setor bancário. Ou seja, mesmo com mais estrutura, as grandes empresas ainda enfrentam desafios para tornar a TI mais eficiente.
Inteligência artificial ainda é pouco explorada
A IA generativa, como o ChatGPT, vem ganhando espaço, mas o uso ainda é tímido. 80% das empresas declararam utilizar IA, mas 75% admitem que o uso ainda é limitado, geralmente em tarefas pontuais, como assistentes virtuais ou análises simples. Entre as ferramentas mais usadas estão o Microsoft Copilot (40%), ChatGPT da OpenAI (32%) e o Google Gemini (20%).
A pesquisa também apontou o domínio da Microsoft em diversas categorias de software. O Excel, por exemplo, ainda é usado por 90% das empresas para análises financeiras, mesmo com o avanço de ferramentas mais modernas de inteligência analítica. Nos sistemas de gestão (ERP), Totvs e SAP dividem o mercado, com destaque para a SAP entre grandes empresas.
Mais do que conectados, é hora de amadurecer digitalmente
Por fim, os dados mostram que o Brasil avançou rápido na digitalização, especialmente com o celular como protagonista. No entanto, o desafio agora é estratégico: integrar melhor a tecnologia aos processos de negócio, aproveitar ao máximo o potencial da inteligência artificial e repensar custos com mais eficiência.