Moradores de áreas de alto risco para inundações estão mais dispostos a adquirir seguro contra esse tipo de evento e pagar maior valor mensal pela cobertura do que moradores de áreas sem histórico de catástrofe. A propensão a adquirir seguro também aumenta quando os indivíduos estão informados sobre a frequência e a gravidade das inundações. É o que mostra estudo do pesquisador da FGV EAESP Wesley Mendes-Da-Silva e colaboradores publicado na revista “Environmental Science and Policy”.
A pesquisa é baseada em entrevistas realizadas em agosto de 2017 com 1049 pessoas nos municípios de Rio de Janeiro, São Paulo e Teresópolis, sendo este de alto risco para inundações. Os respondentes, chefes de família de classe média baixa, foram divididos de forma aleatória em dois grupos. Metade da amostra assistiu a vídeo informativo sobre riscos para a população e impactos econômicos de inundações e os demais indivíduos participaram do estudo sem receber essas informações.
Conforme apontam os pesquisadores, chefes de família que vivem em áreas de alto risco estão até 12% mais dispostos a adquirir seguro contra inundações. A média de valor mensal que moradores de áreas de alto risco expostos ao vídeo informativo estariam propensos a pagar pelo seguro foi de R$ 41,14, frente a R$ 21,93 daqueles que não tiveram acesso às informações. Os resultados também sugerem que os indivíduos que assistiram ao vídeo são 10,8% mais propensos a comprar seguro contra inundações.
Os autores destacam que eventos extremos como inundações, tempestades e secas passam a ser mais frequentes no contexto das mudanças climáticas, e que a população de classes socioeconômicas mais baixas é a mais vulnerável a tais desastres. Por isso, estudos futuros com outros recortes geográficos e temporais podem ajudar a subsidiar as decisões de governos, empresas e famílias de proteção contra riscos.