A falta de experiência intensifica os obstáculos profissionais enfrentados por mulheres em início de carreira. Para além da barreira conhecida como “teto de vidro”, relacionada à maior facilidade de homens em ascender na hierarquia do mercado de trabalho, as jovens precisam lidar com a barreira da “parede de cristal”, em que se percebem inseguras diante de seus pares ainda na base da hierarquia.
Os apontamentos são das pesquisadoras da FGV EAESP Luisa de Moraes Beltramini, Vanessa Martines Cepellos e Jussara Jéssica Pereira em artigo publicado na “Revista de Administração de Empresas” (RAE). A pesquisa é baseada em 15 entrevistas semiestruturadas com mulheres entre 21 e 30 anos que trabalham em empresas da região Sudeste.
Discriminação no mercado de trabalho: mulheres jovens podem mudar aparência para minimizar efeitos negativos da falta de experiência
O artigo aponta que, assim como as mulheres mais velhas, as jovens também sofrem com o etarismo nas organizações. Por conta disso, tentam modificar a aparência física para serem entendidas como mais maduras e menos inexperientes. Para evitar discriminação em relação aos homens de mesma idade e cargo, usam roupas mais masculinas e de tons sóbrios, por exemplo. Ao mesmo tempo, algumas entrevistadas relatam que, a partir de certa idade, como após os 25, são vistas como velhas demais para assumirem vagas de estágio, o que afeta a carreira daquelas que iniciam os estudos mais tarde.
“Foi possível constatar, então, a existência de uma relação entre discriminação por juventude e gênero, o que maximiza a pressão sobre as entrevistadas no início da vida profissional”, apontam as autoras no estudo. Por isso, alerta o artigo, é importante que gestores e profissionais da área de recursos humanos contribuam para a redução das desigualdades no ambiente de trabalho assegurando oportunidades para que essas mulheres demonstrem suas competências.