A inovação na agricultura tem sido impulsionada por novas abordagens voltadas ao desenvolvimento sustentável e tecnológico. Entre essas abordagens, os Laboratórios Vivos (Living Labs) emergem como uma estratégia eficaz para promover a colaboração entre pesquisadores, instituições de ensino, organizações, agricultores e a sociedade. Este estudo analisa como dois modelos internacionais de laboratórios vivos — o VivAgriLab e o AgroLab Uniandes — podem inspirar experiências em universidades brasileiras, incentivando projetos de pesquisa transdisciplinares que integrem acadêmicos e diversos atores territoriais.
O estudo conduzido pela pesquisadora Laura Martins de Carvalho (CEUCI-Unicamp) em colaboração com a Profa. Zilma Borges (FGV-EAESP/Ceapg) e Janaina Kimpara (Embrapa), utilizou a metodologia de Estudo de Caso, combinando pesquisa bibliográfica, análise documental e coleta de dados secundários.
Os laboratórios promovem a inovação aberta na agricultura, mas apresentam desafios distintos em acessibilidade e escalabilidade de tecnologias.
O VivAgriLab, localizado no campus Paris-Saclay, se destaca por integrar a sociedade civil organizada em torno da agricultura e preservação ambiental. Ele promove interação entre academia e sociedade, facilitando a transição ecológica e agroecológica por meio da inovação aberta. Seu modelo pode ser replicado em universidades brasileiras, desde que haja envolvimento da comunidade local e políticas de suporte adequadas.
Já o AgroLab Uniandes, na Colômbia, enfatiza a cocriação e experimentação em agricultura urbana, combinando conhecimento tradicional e tecnologia de ponta. Apesar das vantagens em eficiência e precisão, o modelo levanta preocupações sobre acessibilidade. Pequenos agricultores urbanos podem ter dificuldades em adotar soluções altamente tecnológicas devido a custos elevados, o que pode ampliar desigualdades no setor.
A adaptação dos modelos de laboratórios vivos para o Brasil apresenta desafios, mas também oportunidades significativas.
A metodologia de Living Labs começa a crescer no país, e as autoras analisam sua associação aos Distritos de Inovação, como forma de impulsionar o desenvolvimento de uma região urbana. O cruzamento dessas abordagens propõe que as Universidades podem desempenhar um papel central no desenvolvimento urbano baseado no conhecimento (KBUD), funcionando como âncoras de inovação e centros de colaboração. No caso da Agricultura Urbana, para garantir que a tecnologia beneficie um público amplo, é essencial associá-la a programas robustos de educação e capacitação e utilizar processos de feedback interativos ao longo do ciclo de vida de uma inovação para criar um impacto sustentável. Dessa forma, os Laboratórios Vivos podem se tornar uma ferramenta poderosa para a resiliência climática e a segurança alimentar nas cidades brasileiras.
Agradecimento
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP) financiou esta pesquisa, processo nº 2021/11962-4 e a Bolsa de Pesquisa de Pós-Doutorado, processo nº 2023/04126-0.
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