Os eSports — competições organizadas de videogames — têm conquistado milhões de jovens no mundo todo. O que antes era apenas diversão agora movimenta milhões de dólares e influencia o comportamento de muitos usuários. Mas será que toda essa paixão pelos jogos pode se transformar em vício? Uma pesquisa recente buscou entender quando o entusiasmo saudável dá lugar a um comportamento prejudicial, especialmente entre jovens que se inspiram em atletas profissionais.
O estudo foi conduzido pela professora Tânia Veludo de Oliveira (FGV EAESP), com Mirella Yani-de-Soriano, Thiago Ferreira Marques e Suzana Battistella-Lima, e publicado na revista científica Computers in Human Behavior. Para entender os fatores que levam ao vício em jogos eletrônicos, os pesquisadores aplicaram um questionário em 230 jogadores amadores de Counter-Strike: Global Offensive durante um grande evento de eSports no Brasil. Sendo assim, a pesquisa usou um modelo psicológico chamado Teoria da Aprendizagem Social, que considera como fatores externos (como ídolos e ambiente) e internos (como personalidade e emoções) moldam o comportamento.
Fatores que influenciam o vício: competitividade, culpa e modelos profissionais
A pesquisa mostrou que a influência dos atletas profissionais como modelos inspira a devoção dos usuários aos jogos — e, quando essa devoção é muito intensa, pode levar ao vício. Jogadores devotados muitas vezes se sentem culpados por negligenciar outras áreas da vida, como estudos, relações sociais e saúde. Outro ponto importante é o papel da competitividade. Usuários que gostam de competir de forma saudável correm menos risco de desenvolver vício. Já aqueles que são muito devotos, mas não gostam da competição, estão mais vulneráveis a um uso descontrolado dos jogos.
O estudo sugere que famílias, atletas, empresas e plataformas de jogos precisam atuar juntos para proteger os usuários. Isso pode ser feito com campanhas de conscientização, alertas dentro dos jogos e formação dos atletas sobre sua responsabilidade como modelos. Portanto, os próprios usuários devem estar atentos: quando o jogo começa a atrapalhar o sono, os estudos ou a vida social, pode ser hora de buscar ajuda.
Embora os eSports ofereçam diversos benefícios, como desenvolvimento cognitivo e social, é preciso reconhecer seus riscos. Proteger os jogadores — especialmente os mais jovens — é essencial para que o setor continue crescendo de forma saudável. Por fim, entender os caminhos que levam ao vício é o primeiro passo para construir uma experiência mais segura e responsável para todos.
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