Para atender a demandas globais e aprimorar a gestão de questões ambientais complexas, países devem priorizar políticas colaborativas entre governanças de diferentes níveis. Apostas em acordos e compromissos internacionais, bem como ações coordenadas e multicêntricas entre setores locais e federais nos países, por exemplo, são mecanismos que ajudam os governos a responderem de forma mais efetiva aos desafios ambientais e mitigar seus impactos e consequências.
A reflexão está em editorial publicado pelo pesquisador da FGV EAESP José Antonio Puppim de Oliveira, em colaboração com Haoqi Qian, do Institute for Global Public Policy (China), na revista “Global Public Policy and Governance”. No texto, os autores reúnem e discutem uma série de artigos com diferentes abordagens teóricas e metodológicas do campo que trazem insights e evidências valiosas para o aprimoramento da gestão ambiental na esfera global.
A emergência de crises ambientais mundiais impõe novos desafios ao gerenciamento de políticas públicas, como a necessidade de coletividade e integração entre as práticas de diferentes países e níveis governamentais para abordar soluções. Para lidar com esses obstáculos, os autores apontam a importância de mecanismos como o comprometimento com acordos climáticos globais, que permite com que os países alterem seu comportamento, desenvolvendo novas políticas públicas de enfrentamento a questões ambientais, por exemplo.
Os pesquisadores também destacam a situação do Brasil, onde a falta de integração entre regimes nacionais prejudica a resposta a desafios globais. Os governos locais moldam suas abordagens em relação às alterações climáticas com base em interações com redes nacionais e internacionais de cidades, mas não há integração entre essas práticas e a resposta no âmbito federal. Uma gestão ambiental integrada e policêntrica, por outro lado, pode trazer oportunidades para ações coordenadas e mais efetivas, ressaltam os autores. Em pesquisas futuras, a ideia é investigar os aspectos da governança ambiental global em escalas maiores, focando no papel de organizações internacionais, por exemplo.