As teleconsultas médicas têm boa receptividade pelos usuários de serviços de saúde pública, segundo artigo com participação da pesquisadora da FGV EAESP Ana Maria Malik publicado na revista “Journal of Medical Internet Research”. Em São Paulo, maior centro urbano do Brasil, e em uma comunidade ribeirinha de difícil acesso no Pará, 95% dos pacientes ficaram satisfeitos com o serviço e 90% apontam que as demandas foram resolvidas com o apoio da equipe médica local.
O estudo analisa a experiência de 111 pacientes sobre 220 teleconsultas realizadas em uma unidade de saúde no distrito de Paysandú, em Santarém, no Pará, e em um hospital universitário na cidade de São Paulo entre setembro e dezembro de 2021. A cada teleconsulta, o médico responsável respondeu a um formulário de pesquisa administrativa, e cada paciente respondeu a uma pesquisa de satisfação.
Do total de teleconsultas realizadas, 70,9% foram de investigação e 29,1%, de orientação. A grande maioria, 90%, teve duração de 15 a 20 minutos. 99% dos pacientes consideraram o tempo de consulta satisfatório e 97% concordaram que o médico foi respeitoso e atencioso durante a consulta. 80% das consultas corresponderam a primeiro atendimento, 70% resultaram em alta médica e apenas 2,7%, em acompanhamento médico especializado local.
A principal lacuna para o serviço é de infraestrutura: pacientes relataram problemas de áudio ou vídeo em 99% das consultas. Porém, uma vez superados os problemas de conectividade, o atendimento virtual se firma como um modelo promissor de assistência à população de regiões remotas do país. Mesmo após partirem para os grandes centros em busca de formação médica, os profissionais com origem em comunidades mais afastadas poderiam atender seus conterrâneos por meio da telemedicina, exemplificam os autores.