A instabilidade política e a inflação crescente serão as maiores preocupações dos altos executivos em 2023. É o que revela levantamento inédito realizado pela empresa de consultoria em recrutamento Michael Page, com apoio técnico do professor de Estratégia e Liderança da FGV EAESP Paul Ferreira. A alta liderança também apontou risco de recessão, falta de confiança no governo e mudanças no comportamento do consumidor como principais desafios a serem enfrentados, nessa ordem. Para 45,7% dos respondentes, o resultado das eleições impactou os principais desafios das empresas.
A pesquisa O Brasil pós-eleições: uma visão da liderança empresarial foi realizada em novembro e dezembro de 2022, contando com as respostas de 147 executivos (presidentes, vice-presidentes, diretores, superintendentes e sócios) de todo o território nacional e de companhias de diversos setores. A íntegra da pesquisa será divulgada nesta semana.
“O resultado das eleições presidenciais influenciou os desafios que os principais líderes terão pela frente ao longo do ano. São aspectos políticos e econômicos que não estão sob controle de suas gestões, mas que impactam em decisões estratégicas, planos de negócios e modelo de gestão”, explica Ricardo Basaglia, CEO da Michael Page no Brasil.
Na avaliação do professor da FGV EAESP, Paul Ferreira, “a alta preocupação com o retorno da inflação é compreensível. A inflação pressiona as organizações, uma vez que afeta as cadeias de suprimentos e decisões de preços de produtos ou serviços, o relacionamento com o cliente e o gerenciamento de caixa e, acima de tudo, os salários. Enfrentar pressões inflacionárias ascendentes exige respostas estratégicas altamente reativas que incluem corte de custos e/ou repasse desses aumentos para consumidores e usuários finais, ambas difíceis e arriscadas de executar”.
O estudo também procurou saber da alta liderança quais serão os principais desafios de sua gestão em 2023. De acordo com os respondentes, atrair e reter talentos será o maior desafio, seguido por reestruturação de processos, menores custos, transformação digital, melhorar o fluxo de caixa, ser mais centrado no cliente, entre outros.
“O desequilíbrio entre oferta e demanda de profissionais leva a uma guerra de talentos que o mercado de trabalho já vem lidando há algum tempo. Esse é um desafio global que não tem a ver exclusivamente com economia, mas com a velocidade das transformações, a pressão por resultado e a alta competitividade. É claro que, a depender do movimento econômico, há mais ou menos influência em alguns aspectos como a oferta de emprego, por exemplo. Contudo, a guerra de talentos não se dá pela eleição. É a busca acirrada por profissionais com um conjunto de habilidades, experiências e visões que nem o mercado ou as escolas formaram o suficiente ainda.”, diz Basaglia.
O estudo também busco entender os principais fatores críticos para o crescimento da empresa nos próximos anos. O desenvolvimento/ oferta de novos produtos/ serviços foi a resposta preponderante. Na sequência vieram expansão de parcerias estratégicas, expansão a novos segmentos de clientes, contratação de pessoas e atração de talentos, aumentar a velocidade de vendas de produtos e serviços, entre outros.
O desafio de gestão de pessoas foi outro assunto abordado na pesquisa. Entre as respostas mais mencionadas pelos executivos, apareceram, nessa ordem: construção de times ágeis, fortalecer a retenção de talentos, fortalecer o pipeline de lideranças, desenvolver competências e habilidades da força de trabalho, construir uma cultura mais inovadora, entre outros.
“Os executivos estão priorizando o desenvolvimento de equipes ágeis para elevar a capacidade de aprendizagem de suas organizações. A agilidade constrói uma resiliência cadenciada na forma como uma organização toma decisões em períodos de elevada complexidade e incerteza, permitindo lidar com as expectativas de longo, médio e de curto prazo ao mesmo tempo”, diz Ferreira.
Fonte: Conteúdo Comunicação e Insight Comunicação
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