Nos últimos anos, a tecnologia transformou radicalmente a forma como trabalhamos. Ela trouxe ganhos de produtividade, flexibilidade e novas possibilidades. No entanto, também revelou um lado desafiador: o impacto da tecnologia no trabalho. Esse impacto vai além da eficiência e muitas vezes se manifesta em forma de estresse, ansiedade e dificuldade em equilibrar a vida profissional e pessoal.
Para entender esse fenômeno, o pesquisador Marco Terlizzi, da FGV EAESP, junto com os alunos Ramon Ferrari, Antonio dos Santos e Gustavo Salomão, conduziu uma pesquisa publicada na revista Communications of the Association for Information Systems. O estudo aplicou questionários a 150 profissionais brasileiros que trabalham em tempo integral utilizando tecnologias de informação e comunicação (TICs). Dessa forma, a proposta foi replicar uma pesquisa internacional e comparar com os resultados brasileiros, investigando como o cenário pós-pandemia influencia a relação entre tecnologia e bem-estar.
Impacto da tecnologia no trabalho pós-pandemia: efeitos no bem-estar dos profissionais
Os resultados mostraram que dez das dezesseis hipóteses do estudo original se repetiram no Brasil. Entre os principais achados, destacam-se dois pontos: a sobrecarga de trabalho e a ambiguidade de papéis. Ou seja, muitos profissionais relataram sentir que recebem demandas acima de sua capacidade e, ao mesmo tempo, não têm clareza sobre suas funções ou prioridades.
Outro fator marcante foi a presença de tecnologias intrusivas, que aumentam a sensação de estar sempre disponível. Esse tipo de recurso reforça a dificuldade em se desconectar, mesmo em momentos de descanso.
A pandemia de COVID-19 acelerou o trabalho remoto no Brasil. Antes dela, aproximadamente 3,8 milhões de pessoas trabalhavam de casa; depois, esse número saltou para 7,7 milhões. Com isso, o impacto da tecnologia no trabalho se intensificou, já que a casa passou a ser também escritório. Assim, aumentou o conflito entre demandas profissionais e familiares, e muitos trabalhadores passaram a se sentir permanentemente conectados.
Diferenças entre Brasil e EUA
Apesar das semelhanças com o estudo internacional, algumas diferenças chamaram atenção. No Brasil, a invasão de privacidade não apareceu como fator tão forte. Muitos profissionais enxergam a conectividade constante como parte natural do trabalho moderno, e não necessariamente como algo negativo. Além disso, os respondentes brasileiros perceberam a confiabilidade da tecnologia de forma mais positiva, provavelmente devido à adaptação rápida ao uso de plataformas digitais no período pós-pandemia.
Os achados mostram que o impacto da tecnologia no trabalho precisa ser discutido não apenas no campo acadêmico, mas também dentro das empresas. Sobrecarga de tarefas, pressão constante e dificuldade em se desligar afetam diretamente a saúde mental e a produtividade.
Por isso, organizações podem adotar medidas simples, como definir políticas de horários, incentivar pausas, oferecer treinamentos de uso consciente das ferramentas digitais e investir em tecnologias menos invasivas e mais confiáveis. Em resumo, compreender o impacto da tecnologia no trabalho é essencial para criar ambientes mais equilibrados, humanos e produtivos.
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