Utilizados como ferramenta de educação alternativa, os chamados diários reflexivos são produzidos a partir de observações dos alunos sobre suas experiências individuais com as atividades de ensino. As observações permitem o desenvolvimento de habilidades que conectam estudantes e professores ao processo educativo e entre si, auxiliando no aprendizado. É o que mostra Carla Campana, pesquisadora da FGV EAESP, em artigo na revista “GVcasos”.
Para investigar o papel da prática na educação de alunos do ensino superior, a autora discute o uso dos diários por alunos da graduação em Administração de Empresas da FGV EAESP durante um programa pedagógico da instituição, que desde 2017 integra a grade curricular do curso. A partir de literatura da área e trechos ilustrativos dos registros, o estudo apresenta resultados e sugestões de uso dessa ferramenta tanto por estudantes quanto por docentes.
Segundo o estudo, os diários são feitos em formato de texto, mas frequentemente são complementados por fotos, colagens, desenhos e outros tipos de registros que auxiliam no processamento das informações. Em seu conteúdo, os alunos trazem relatos, expectativas, feedbacks e uma autoavaliação sobre o aprendizado que obtiveram com o projeto naquela semana, trazendo conceitos aprendidos, emoções que surgiram com a experiência e aspectos em que ainda desejam melhorar. Esse tipo de reflexão traz maior envolvimento e alinhamento dos estudantes com seu próprio ensino, ressalta a autora.
A autora ainda destaca que a prática pode ser utilizada por professores com o intuito de avaliar e acompanhar o aprendizado da turma, uma vez que permite a identificação de dificuldades gerais da turma e pontos que ainda devem ser aprimorados. Diferentemente dos métodos de avaliação tradicionais, como provas e trabalhos, esses instrumentos permitem ao docente realizar intervenções ao longo do curso de acordo com o feedback dos alunos, além de aproximar e criar conexões entre os dois grupos.