Num mundo cada vez mais instável, crises como a pandemia de COVID-19 mostraram que as empresas precisam mais do que bons produtos para sobreviver. Elas precisam de propósito e responsabilidade. Sendo assim, uma nova pesquisa publicada na Journal of Business Research por Marina Gama (FGV EAESP), em coautoria com Cyntia Casnici (University of Leeds), Mariana Bassi-Suter (TBS), Maria Alejandra Gonzalez-Perez (EAFIT)e Maria Tereza Fleury (FGV EAESP), investigou exatamente isso: como a responsabilidade social corporativa (RSC) pode fortalecer financeiramente empresas brasileiras que atuam globalmente.
O estudo analisou dados de 404 empresas brasileiras de capital aberto entre 2018 e 2021, comparando aquelas que adotam práticas de RSC com as que não adotam. As pesquisadoras utilizaram métodos econométricos robustos para observar como essas práticas influenciaram o desempenho financeiro antes e depois da pandemia de COVID-19.
Responsabilidade social: fazer o bem é bom para os negócios
Os resultados mostram que a RSC não é apenas uma ação ética, mas também uma estratégia financeira inteligente. Empresas engajadas em iniciativas sociais e ambientais conseguiram mitigar os impactos negativos da crise, mantendo estabilidade e credibilidade perante investidores.
Além disso, o estudo revelou que, ao se envolverem em atividades sociais no país de origem, as multinacionais brasileiras reduzem a chamada “desvantagem de origem” — ou seja, o estigma de vir de economias emergentes. Sendo assim, essa atuação fortalece a legitimidade global e atrai investidores internacionais, especialmente os que seguem critérios ESG (ambientais, sociais e de governança).
A pesquisa explica que empresas socialmente responsáveis:
- Ganham confiança de investidores e consumidores;
- Retêm talentos e aumentam o engajamento interno;
- Reduzem riscos financeiros em momentos de incerteza.
Esses fatores combinados criam um ciclo positivo de sustentabilidade e desempenho econômico. Ou seja, na prática, as empresas que já investiam em RSC antes da pandemia foram as que mais conseguiram se recuperar rapidamente.
Implicações para gestores e formuladores de políticas
Portanto, as autoras recomendam que líderes empresariais adotem uma visão integrada da RSC, envolvendo diferentes departamentos e conectando ações sociais com os objetivos de longo prazo da empresa. Além disso, sugerem que governos e instituições incentivem práticas de ESG e parcerias multissetoriais, fortalecendo o ambiente institucional e reduzindo vulnerabilidades dos mercados emergentes.
Para empresas que ainda não atuam no exterior, investir em responsabilidade social também pode ser um diferencial competitivo dentro do próprio mercado brasileiro.
Por fim, a mensagem central da pesquisa é clara: “fazer o bem para se dar bem”. Em tempos de crise, empresas que investem em responsabilidade social não apenas protegem suas finanças, mas também ganham legitimidade, confiança e sustentabilidade de longo prazo.
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