Seis em cada dez brasileiros das classes C/D/E têm conta em banco, mas a grande maioria saca todo o dinheiro em uma única transação mensal ou está com a conta inativa. Apenas 7% dessa população usa o banco para mais de uma transação por mês. Além disso, a taxa de poupança desse público é muito reduzida, já que apenas 17% tem poupança com valor equivalente a uma renda mensal e destes, 44% guardam o dinheiro em casa. Os resultados são do estudo “Segmentação em inclusão financeira”, realizado pelo Centro de Estudos de Microfinanças e Inclusão Financeira (FGVcemif) da FGV EAESP e pela Plano CDE.
A pesquisa realizou 1.500 entrevistas domiciliares em todas as regiões do país, em cidades de pequeno, médio e grande porte, com o objetivo de aprofundar o conhecimento dos diferentes perfis comportamentais das classes C/D/E, compreender suas necessidades e subsidiar estratégias de desenvolvimento de produtos, serviços e projetos de educação financeira adequados para essa população.
O Banco Mundial estima que mais da metade da população mundial adulta, cerca de 2,5 bilhões de pessoas, não tem acesso a serviços financeiros formais. Cerca de 2,2 bilhões das pessoas excluídas são pobres. No Brasil, as classes C/D/E representam hoje 113 milhões de pessoas, ou seja, 57% da população brasileira. Houve visível melhora no acesso a serviços financeiros para esses grupos no país, mas em relação ao uso e à qualidade, os avanços foram menores. Os obstáculos comumente citados para aumento da inclusão financeira dos mais pobres são custos de transação elevados, falta de informação e risco.
A análise das entrevistas quantitativas permitiu identificar três grupos com perfis “puros” distintos de comportamento financeiro nas classes C/D/E: conservadores, desorganizados e planejados. Também foram verificados perfis “mistos”, de pessoas com predominância de algum perfil puro, mas com características de outro. A pesquisa também realizou entrevistas qualitativas com visitas etnográficas para aprofundar o entendimento dos perfis.
A segmentação apontou que, ao contrário dos estereótipos, a grande maioria dessa população tem controle e organização de suas finanças. O estudo traz recomendações de produtos e serviços financeiros específicos que respondam as necessidades e anseios de cada perfil.
Confira o relatório completo aqui.