Adotar uma agenda de sustentabilidade em instituições de ensino superior exige uma mudança institucional gradual. No caso das escolas de negócios, esse processo pode ser catalisado por lideranças comprometidas com a responsabilidade social dessas organizações. O desenvolvimento de estratégias de integração dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) da Organização das Nações Unidas (ONU) nas dimensões de ensino, pesquisa e gestão depende de reconhecer as especificidades da instituição e os desafios do contexto geográfico, ambiental e legal em que ela opera.
Em artigo publicado na revista “International Journal of Sustainability in Higher Education”, o pesquisador da FGV EAESP Umesh Mukhi realiza estudo de caso sobre as iniciativas de sustentabilidade de uma escola de negócios na França. Com coleta de dados realizada entre 2014 e 2017, o estudo identifica três fases na implementação dos ODS na instituição, que correspondem a um período de mais de uma década. O engajamento dos reitores no período foi uma constante.
O comprometimento com pesquisas na área de direito e responsabilidade social levou ao investimento em corpo docente alinhado a tais questões e culminou na criação do Instituto de Responsabilidade Global, em 2002, repartição que assumiu as ações de sustentabilidade da escola. Entre 2004 e 2010, tornou-se a primeira instituição de ensino superior na França a assinar o Pacto Global da ONU e a primeira escola de negócios do país a firmar parceria estratégica com ONG da área ambiental. Também se tornou signatária dos Princípios para Educação Responsável da ONU.
Posteriormente, os valores vinculados à responsabilidade social e ambiental assumida pela instituição passaram a ser comunicados aos stakeholders internos e externos. Nesse período, a escola consolidou o compromisso com a agenda dos ODS através de certificações e parcerias com atores regionais. Por outro lado, aponta o autor, a organização ainda deve lidar com barreiras identificadas pelo estudo, como a dificuldade de comunicar o objetivo das pesquisas em responsabilidade global para o público interno e o longo tempo para a implementação de mudanças estruturais.
Umesh Mukhi comenta a importância de uma agenda ousada de sustentabilidade que parta da liderança acadêmica para que as instituições sejam atores sociais de transformação: “A liderança da universidade deve se envolver no processo de aprendizagem com os stakeholders dos setores público, privado e governamental para implementar iniciativas de sustentabilidade para transformar o ensino, a pesquisa e a atividade institucional”, frisa o pesquisador.