Para garantir a sustentabilidade nas cidades, o planejamento e gestão urbanas devem combinar visões de futuro baseadas no contato da população com a natureza. O apontamento está em artigo do pesquisador da FGV EAESP José Antonio Puppim de Oliveira em parceria com coautores de universidades estrangeiras e publicado na revista “Environmental Science and Policy”.
O artigo propõe uma abordagem de estudo denominada Urban Nature Futures Framework (UNFF), que considera três diferentes perspectivas de natureza para orientar atores e tomadores de decisão sobre o futuro da sustentabilidade urbana. A perspectiva da natureza para a natureza estabelece que os bens naturais têm valor em si mesmos. Por isso, cidades pautadas nessa perspectiva de futuro buscam minimizar intervenções nos processos ecológicos, contando com grandes florestas e áreas de proteção.
Uma segunda perspectiva, a natureza para a sociedade, incorpora as funções da natureza que beneficiam os seres humanos. Iniciativas para manter água e ar limpos têm foco no bem-estar da população. Por fim, a visão da natureza como cultura observa a inserção da natureza nos sistemas de conhecimento e identidade dos habitantes de uma região.
As hortas comunitárias, por exemplo, podem criar mais áreas de habitat para a biodiversidade local. O cultivo e consumo de alimentos frescos também trazem benefícios para a saúde física e mental da população. Essas hortas podem, ainda, refletir as origens e tradições dos agricultores locais, o que, por consequência, beneficia as dinâmicas socioecológicas na cidade.
Os autores explicam que mais de 2,5 bilhões de pessoas devem viver em cidades até 2050. Por isso, indicadores que monitorem a inclusão em diferentes bairros e comunidades e atentem para o risco de gentrificação em áreas verdes – ou seja, concentração especulativa da população mais rica em regiões com melhor qualidade de vida – são importantes na implementação das estratégias de sustentabilidade urbana, apontam os autores.