A partir do momento em que passam a ter autonomia sobre suas decisões financeiras, os jovens adultos são frequentemente convidados a tomar decisões financeiras complexas, e algumas delas podem ter consequências perenes, que afetam os próximos anos das suas vidas.
As decisões sobre como usar o acesso ao crédito estão entre essas complexas decisões que os consumidores são convidados a tomar. A situação fica ainda mais desafiadora por conta da expansão do acesso ao crédito a estudantes universitário do mundo todo. Alguns aspectos sobre o uso do crédito são mais universais, afetando os jovens do mundo todo de maneira semelhante, mas existem também algumas características que são específicas de cada cultura e que podem gerar impactos de longo prazo.
Para investigar como essas características individuais e culturais podem causar implicações de longo prazo, um recente estudo que tem entre seus autores Wesley Mendes-Da-Silva, pesquisador da FGV EAESP, se propôs a analisar o uso de cartão de crédito entre 1458 jovens que vivem em países como o Brasil, EUA e França.
Utilizando um modelo de análise que permite incorporar a relação existente entre as diferentes variáveis envolvidas (como características da cultura local, faixa etária e gêneros), os autores destacam que o bem estar financeiro dos jovens é afetado pela forma individual que eles decidem ter para usar o cartão de crédito e também pela comparação social e pela autoconfiança financeira de cada um.
Este último fator, de confiança pessoal no cuidado com as finanças, também se mostrou bastante relacionada com a educação financeira que estes jovens receberam dos seus pais. Neste aspecto, a comparação entre os grupos analisados revelou evidências de que os jovens do gênero masculino são mais dependentes da educação financeira recebida dos seus pais para fazer boas escolhas financeiras do que as jovens do gênero feminino.
“Este efeito pode ser visto como uma maior dependência das mulheres das atitudes dos pais, porque elas estão mais dispostas a conversar com eles sobre questões financeiras. Além disso, esse resultado pode ser explicado por diferenças culturais em que as expectativas dos pais podem desempenhar um papel relevante à medida que diferentes práticas são adotadas em relação a filhos ou filhas”, refletem os autores.