A inteligência artificial generativa (IAG) entrou rapidamente no nosso cotidiano e, embora facilite tarefas e aumente a produtividade, também levanta preocupações importantes. Cada vez mais usada para responder dúvidas, criar textos e apoiar decisões, ela pode, se usada de forma acrítica, enfraquecer o processo de aprendizagem e comprometer a qualidade do conhecimento que consumimos. Para entender melhor os riscos da inteligência artificial generativa, pesquisadores analisaram o que há por trás do uso crescente de ferramentas como ChatGPT e similares.
O estudo foi conduzido por Michal Izak, Amon Barros (FGV EAESP), Ajnesh Prasad e Martyna Śliwa, e publicado na revista científica Management Learning. A pesquisa utiliza revisão de literatura, reunindo evidências recentes sobre os impactos da IA generativa na aprendizagem individual, organizacional e social.
Segundo os autores, embora a IAG ofereça velocidade e praticidade, ela também pode causar efeitos inesperados. Primeiramente, porque os modelos geram textos baseados em padrões pré-existentes, e não em novas descobertas. Portanto, o usuário pode acreditar que está acessando conhecimento confiável, mas na verdade está recebendo informações limitadas e, às vezes, incorretas. Isso é o que os pesquisadores chamam de “verdades ilusórias”.
Além disso, como muitas pessoas não têm formação técnica para avaliar a precisão dessas respostas, torna-se mais fácil aceitar explicações superficiais como se fossem completas. Assim, surge um risco real: quanto mais alguém depende da IA para aprender, menos exercita reflexão própria e interpretação contextual.
Os riscos da inteligência artificial generativa para a aprendizagem
Outro ponto crítico identificado é a crescente dependência. Quanto mais a ferramenta é usada para resolver problemas complexos, mais confortável e atraente se torna recorrer a ela novamente. Isso se observa, por exemplo, em áreas sensíveis, como a saúde, em que profissionais podem passar a confiar demais na IA, deixando de aprofundar análises essenciais.
A pesquisa também alerta para o impacto da IAG na criatividade e na troca humana. Como os modelos tendem a padronizar ideias, respostas e estilos, eles podem enfraquecer a originalidade e reduzir a riqueza das interações educacionais. Paralelamente, quando estudantes tratam respostas automáticas como verdades absolutas, diminuem o debate crítico. Porém, isso é justamente o que sustenta a aprendizagem de longo prazo.
Os autores afirmam que o problema não está na tecnologia em si, mas em como a utilizamos. Dessa forma, defendem que escolas, universidades e organizações devem incentivar o letramento em IA, além de ambientes de aprendizagem que valorizem conversas, questionamentos e interpretações humanas. Assim, a IA pode ser uma aliada, e não um obstáculo, no desenvolvimento de conhecimento de qualidade.
Por fim, se quisermos evitar que a aprendizagem se torne superficial, precisamos usar essas ferramentas com intenção, cautela e consciência. Afinal, o futuro do conhecimento depende das escolhas que fazemos agora.
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