O atual governo deve fortalecer a governança e o financiamento do Sistema Único de Saúde (SUS). Aprimorar os serviços de atenção primária e promover uma equilibrada distribuição geográfica de recursos humanos são algumas das medidas fundamentais para iniciar a recuperação, nos próximos anos, das capacidades e da infraestrutura de saúde no Brasil.
A avaliação está em carta publicada na revista Science no dia 14 de abril de 2023 pelo coordenador do Centro de Pesquisa e Planejamento em Saúde da FGV EAESP, Adriano Massuda, com a ministra da Saúde, Nísia Trindade, os ex-ministros da pasta Arthur Chioro, José Gomes Temporão, Humberto Costa e Alexandre Padilha, e a pesquisadora da Universidade de Harvard Marcia Castro.
Os autores identificam retrocessos que atingiram o SUS nos últimos sete anos, como a queda da cobertura vacinal e o crescimento da mortalidade materna e de hospitalizações de crianças por desnutrição causada pela fome, que hoje atinge 33 milhões de brasileiros. A carta também destaca que o período foi marcado por limitações do sistema de saúde desde a imposição de medidas de austeridade em 2016, por uma resposta inadequada à pandemia de Covid-19 e pelo arrefecimento da crise humanitária entre os indígenas Yanomami, vinculada à destruição ambiental.
O próximo passo para recuperar a saúde brasileira, segundo os especialistas, é reduzir os altos índices de morbidade e mortalidade da população. “Essa meta deve incluir o aumento da cobertura vacinal, a redução da fila de espera para atendimento especializado e a reorganização da atenção à saúde de indígenas, crianças, adolescentes e mulheres. Melhorar a vigilância da saúde também melhorará a resposta do sistema de saúde às emergências”, avaliam.