Diante da pandemia da covid-19, o Brasil conviveu com as contradições do Sistema Único de Saúde: embora atuante em todo o território nacional, o SUS é marcado pela distribuição desigual de recursos, infraestrutura e serviços. O Webinar “O que podemos esperar do (e fazer pelo) sistema de saúde no Brasil real?”, realizado no dia 21 de junho, destacou a importância do planejamento do governo federal para fortalecer as respostas emergenciais na saúde pública.
O evento contou com a presença de Arthur Chioro, médico e ministro da Saúde entre 2014 e 2015, Barjas Negri, cientista político e ministro da Saúde em 2002, e Sergio Fausto, cientista político e superintendente da Fundação Fernando Henrique Cardoso. Realizada pelo FGV-Saúde, o Centro de Estudos em Planejamento e Gestão da Saúde da FGV EAESP, a atividade foi mediada pela professora Ana Maria Malik.
Barjas Negri ressaltou a resposta à pandemia que partiu dos governos estaduais, através de medidas como o aumento da oferta de leitos. Conforme o especialista, a ausência de investimentos federais suficientes para o SUS sobrecarregou as gestões municipais, que precisaram realocar recursos de outras áreas para financiar os gastos com saúde.
“Todos sabem que se gasta no Brasil uma proporção muito pequena em relação ao PIB na saúde pública se comparado com países da Europa e da América Latina. É preciso corrigir essas distorções”, opinou Barjas Negri. Para isso, completou, é preciso haver uma mobilização nacional em diversas esferas para que mais recursos sejam destinados à saúde.
Para Arthur Chioro, a discussão das políticas públicas para o sistema de saúde após a experiência da pandemia é um dos maiores desafios a serem enfrentados pelo país. “O que a gente viu nesses últimos anos foi a destruição da perspectiva de um pacto federativo por uma lógica de federalismo de confrontação”.
O especialista define o SUS como um pacto civilizatório por ser uma estratégia de combate às desigualdades sociais. Neste sentido, é necessária a reconstrução do sistema de saúde, com melhoria do padrão de financiamento do SUS e medidas como investimento na atenção primária e preparação para próximas emergências de saúde, de acordo com Chioro.
Assista ao evento na íntegra: