Ao contrapor o caso brasileiro com o caso norte-americano, os autores desta pesquisa demonstram que as relações territoriais de poder têm efeito sobre as políticas públicas, especialmente no combate à Covid-19.
Ao inspirar-se no governo Trump, o caso do federalismo brasileiro sob Bolsonaro adotou um modelo de repasse de responsabilidades para governos subnacionais, evitando o envolvimento do governo federal em parte das políticas. Com isso, os autores apontam que o resultado é um aumento das desigualdades, além de um maior confronto entre o governo nacional e governos subnacionais.
Observando especialmente a política de saúde, os autores destacam que o modelo de saúde fortemente coordenado do Brasil foi capaz de permitir uma maior resistência aos erros do governo federal. “O SUS e seu desenho federativo foi capaz de resistir aos erros do Bolsonaro”, destaca Fernando Abrucio, pesquisador da FGV EAESP.
O confronto entre governos nacionais e subnacionais também teria sido o responsável por permitir que o país tivesse um maior estoque de vacinas. “A Coronavac é resultado deste confronto entre governo federativo e o Estado de São Paulo”, destaca Abrucio.
Regiões que tinham piores condições socioeconômicas e de capital humano sofreram mais e tiveram mais dificuldades, como foi o caso de Manaus.
“Os cidadãos tem que saber que a escolha dos governantes tem efeitos sobre suas vidas. A escolha por Bolsonaro produziu enorme desastre de políticas públicas. Não era necessário ter tantos casos e morrer tanta gente”, reforça Abrucio em vídeo.