Um ambiente organizacional que possibilita aos funcionários se sentirem seguros para expressarem suas verdadeiras identidades pessoais no local de trabalho proporciona uma série de benefícios para os profissionais e a companhia. Os funcionários têm mais satisfação e engajamento com a instituição, o que também gera melhores resultados para a empresa, contribuindo para a cultura e clima organizacional.
Para entender como a percepção dos indivíduos em relação ao clima organizacional afeta suas atitudes e comportamentos no trabalho e, consequentemente, o desempenho da companhia, pesquisadores da Bryant University, da University of North Texas e da FGV EAESP, entre eles o professor Miguel Caldas, desenvolveram uma escala para medir o clima de autenticidade psicológica. Ele pode ser definido como o modo pelo qual um indivíduo percebe que sua organização valoriza, incentiva e proporciona a expressão autêntica da sua identidade. O conceito se diferencia de outros da literatura sobre o tema, como o clima de segurança psicológica, por ter foco no “eu verdadeiro” (em contraposição ao “melhor eu”), na expressão da identidade pessoal (e não apenas das emoções ou traços pessoais) e na percepção e experiência individual (e não coletiva).
Autenticidade dos trabalhadores beneficia cultura e clima organizacional
Depois de validar os conceitos teóricos em duas pesquisas com universitários norte-americanos, o modelo foi testado com profissionais da área da saúde nos Estados Unidos e com funcionários de uma empresa privada brasileira do setor de serviços. Ambos os grupos preencheram um questionário online, respondendo “quem sou eu” e o quanto concordavam com afirmações como “Expresso minhas características para meus colegas de trabalho” e “Sinto que sou encorajado a ser quem realmente sou na minha organização”. Foi analisada a correlação entre clima de autenticidade psicológica e fatores como identificação com a organização, satisfação no trabalho, esgotamento profissional e intenção de sair do emprego.
Os autores concluíram que os indivíduos que sentem que podem expressar seu verdadeiro eu no trabalho têm maior identificação com a instituição e satisfação no trabalho, ao mesmo tempo que essa prática leva à redução de eventos indesejáveis, como a síndrome de burnout (esgotamento profissional) e a alta rotatividade.