Negócios alinhados à sustentabilidade e à responsabilidade social são cada vez mais necessários diante de desafios como desigualdade social e crise climática. Apesar da dificuldade em mensurar o impacto social das organizações, algumas qualidades são fundamentais para empreendimentos com essa missão. As auditorias que garantem a transparência e credibilidade das empresas do Sistema B, inovações como programas de trainees para pessoas negras, além de compromissos a longo prazo através de práticas ESG (ambiente, sociedade e governança) são exemplos de iniciativas que podem contribuir para a geração de impacto social.
Artigo do pesquisador da FGV EAESP Edgard Barki publicado na revista “GV Executivo” reflete sobre os obstáculos e oportunidades de negócios voltados a fazer a diferença na vida das pessoas em áreas como saúde, educação, habitação e serviços financeiros. O autor alerta que o conceito de impacto social não é consensual, e com frequência seu entendimento é baseado na autodeclaração das empresas.
Empreendimentos criados com a missão de combater desigualdades e atender a população de baixa renda ou em situação de vulnerabilidade social podem ter impacto direto no público atendido. Porém, explica o autor, o monitoramento desse impacto envolve recursos financeiros, humanos, além de tempo, o que representa obstáculos para a realização dessa atividade em pequenos negócios.
O artigo também ressalta que os negócios de impacto ficam com frequência restritos à mitigação, focados em minimizar problemas criados pelo capitalismo sem questionar o status quo ou promover mudanças mais radicais. Além disso, incorporar a base da pirâmide no mundo dos negócios representa um desafio adicional para reduzir desigualdades.
Por outro lado, as oportunidades de impacto social residem em fatores que o autor denomina como “cinco Cs para uma transformação social mais concreta”: a colaboração, que exige superação das atuações individuais para resolver questões complexas; o compliance, que cria mecanismos de transparência e credibilidade para as ações empresariais; a consistência, que objetiva impactos sistêmicos a longo prazo; a coerência, que conecta discurso e realidade e vai além de práticas pontuais; e a coragem, que consiste na inovação que rompe com paradigmas.