Fundos de venture capital financiam startups com a expectativa de lucro na chamada “saída” (ou desinvestimento), momento em que são remunerados. Estudo inédito realizado por pesquisadores da Escola de Administração de Empresas de São Paulo da Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP) aponta que o tempo entre o aporte inicial e o desinvestimento de venture capitals em startups brasileiras passou de 8,3 anos para investimentos feitos antes de 2008 para 1,3 ano para investimentos mais recentes, realizados após 2015.
A diminuição no tempo de saída indica um aumento de liquidez no mercado brasileiro, favorecendo o desenvolvimento das startups. “Quando o investidor consegue fechar o ciclo de investimento dentro de um período relativamente curto, facilita para que ele passe para o próximo. Quando isso acontece, o pipeline sobe para todo mundo”, analisa Gilberto Sarfati, da FGV EAESP, que assina o estudo com Marcos Gereto.
Investimentos internacionais
De acordo com Sarfati, uma característica particular do cenário nacional é ter venture capitals brasileiros entrando no começo e atraindo investimento internacional em estágios posteriores de desenvolvimento da empresa, o que ajuda a dar liquidez para o mercado. O estudo revela que a principal forma de saída observada foi a aquisição das startups por empresas estrangeiras – muitas vezes facilitada pela presença de venture capitals estrangeiras entre os investidores das startups –, com o objetivo de entrar ou expandir suas operações no mercado brasileiro.
O trabalho foi realizado a partir da análise do histórico de 436 startups brasileiras registradas na base de dados da Crunchbase, principal plataforma online para informações sobre a indústria de venture capital do mundo. A duração do ciclo de investimento foi calculada a partir da diferença entre o ano do primeiro investimento e o ano do desinvestimento. O estudo foi publicado na “Revista da Micro e Pequena Empresa” em dezembro de 2019.
Os dados sobre a saída de startups do portfólio de fundos de venture capital no Brasil são inéditos. “É um mercado que não tem informação nenhuma. Nos Estados Unidos, onde o mercado é muito mais maduro, a própria associação da área compila e divulga os resultados”, comenta Sarfati.