O cuidado com a saúde mental de colaboradores é um assunto que começou a ser mais pautado pelas áreas de Recursos Humanos das empresas no início da pandemia provocada pela Covid-19. Porém, em uma pesquisa sobre questões relacionadas a benefícios, cultura e bem-estar nas empresas, 43% dos respondentes alegaram que estão com sobrecarga de trabalho. O levantamento realizado por Paul Ferreira, professor de Estratégica e Liderança e vice-diretor do Núcleo de Estudos em Organizações e Pessoas (NEOP) na Fundação Getulio Vargas (FGV EAESP), em parceria com as empresas Talenses e Gympass, também revelou que 31% dos entrevistados sofrem pressão por resultados e metas.
Outros impactos negativos para a saúde mental dos colaboradores foram apontados na pesquisa: sentir que precisa estar disponível o tempo todo (30%); falta de reconhecimento (30%); falta de empatia/apoio na liderança direta (27%); sentir dificuldade de ter desempenho em sua plena capacidade de trabalho (22%); falta de comunicação com a liderança direta (17%); ter que lidar com as responsabilidades do cuidado com a casa durante a pandemia (15%); e falta de flexibilidade na jornada de trabalho (12%).
Ainda afetam a rotina dos trabalhadores aspectos como: desconforto em compartilhar seus desafios com colegas da equipe ou com a liderança (12%); distanciamento físico dos colegas (11%); sentir que seu desempenho esteja sendo julgado por conta de outras responsabilidades necessárias durante a pandemia (11%); e, por fim, falta de iniciativas de saúde mental (9%).
Outro dado preocupante aponta que, para mais de 75% das pessoas respondentes, os benefícios atuais não são suficientes, ou apenas parcialmente, para a manutenção da sua saúde mental. Também nota-se na pesquisa o impacto de uma gestão no bem-estar das pessoas, uma vez que os quatro principais fatores de impacto negativo estão relacionados a formas de gestão e lideranças.
Também foi perguntado às pessoas colaboradoras quais e quantas estratégias elas utilizaram quando receberam algum diagnóstico de saúde mental. A terapia foi escolhida por 82% das pessoas, ocupando o primeiro lugar. Mudar de emprego também foi bastante apontado, por 32%. Redução das horas de trabalho, por 24%, e até o pedido de demissão, mesmo sem ter trabalho novo, por 21%.
Ao fazer o recorte por gêneros, rever o escopo de trabalho é significativamente mais importante para o gênero feminino. Já a maior visibilidade para os benefícios de bem-estar emocional é prioridade para ambos os gêneros. Já na observação de informações por gerações, quanto mais sênior, maior o desejo de que as lideranças se preocupem com saúde mental. Especificamente, a geração Baby Boomer prefere benefícios como yoga, mindfulness e de saúde física. Os dados também apontam uma oportunidade-chave para as empresas: implementar benefícios focados no bem-estar físico e mental e melhorar a comunicação dessas iniciativas.
A pesquisa ainda teve como conclusão que os Baby Boomers e Geração Z relataram mais liberdade para errar, enquanto as gerações “intermediárias” (Geração X e Millennials/Geração Y) estão se sentindo com menos liberdade para errar.
Metodologia
A pesquisa foi realizada em janeiro deste ano, com 572 brasileiros, sendo que 90% deles estão trabalhando atualmente. Dos participantes, 55% são do sexo masculino, 44% feminino e 1% outros. No recorte de gerações, 49% são Millennials, 34% da geração Y, 10% da geração Z e 7% são Baby Boomers. Em relação ao regime atual de trabalho, 50% estão trabalhando de forma híbrida, 28% estão exclusivamente de forma remota e 22% estão totalmente de forma presencial.
Confira a pesquisa completa aqui.
Fonte: Insight Comunicação