A pandemia de covid-19 reforçou a importância de melhorar a gestão de pessoas nos serviços públicos de saúde brasileiros. Para garantirem capacidade de mudanças rápidas e treinamento constante dos funcionários, hospitais e órgãos gestores da área devem rever a competitividade dos salários oferecidos no setor público e adotar incentivos à carreira dos trabalhadores. É o que indicam as pesquisadoras da FGV EAESP Ana Maria Malik, Mariana Carrera e Laura Schiesari em estudo publicado na revista Cadernos Gestão Pública e Cidadania.
As autoras realizaram sete entrevistas no início de 2021 com gestores de uma secretaria estadual de saúde, de organizações sociais da saúde (OSS) — entidades que realizam a administração de hospitais por meio de convênio com o poder público — e de hospitais com administração pública direta ou sob responsabilidade de entidades parceiras.
Segundo gestores das organizações sociais da saúde, a grande diferença entre esta modalidade e a administração direta é a facilidade de gestão de recursos humanos. Nas OSSs, predominam programas de valorização e recompensa pelo bom desempenho dos funcionários, além de uma cultura organizacional que valoriza qualidade de vida e segurança do trabalho.
A pesquisa também aponta que um plano de carreira estável incentiva a permanência e a motivação dos trabalhadores. O servidor estatutário que entra por concurso público na administração direta conquista estabilidade, mas tem poucas possibilidades de promoção ou incremento salarial. Já o celetista é constantemente avaliado e pode ser reconduzido para outras funções, o que estimula a formação contínua e o crescimento profissional.
A flexibilidade da gestão é outro aspecto apontado como necessário para a melhoria dos serviços de saúde. A abertura de vaga por meio de concurso público é um processo lento e burocrático. Neste sentido, a experiência das OSS pode trazer agilidade para a contratação. Ferramentas de comunicação interna também são fundamentais para a gestão eficiente e participativa, com alinhamento de estratégias entre os gestores.