A pandemia acelerou a migração do ensino remoto no sistema educacional. Apesar dos desafios na adaptação, o modelo reforçou a importância de uma abordagem centrada no estudante. O professor deixa de ser aquele que “sabe de tudo”, e passa a ser um facilitador do processo de aprendizagem. É o que aponta artigo publicado na revista “GV Executivo” pelos pesquisadores da FGV EAESP Fernanda Carreira, Gabriela Alem Appugliese e Mario Monzoni.
Os autores realizam relato de experiência na condução da disciplina de graduação “Formação Integrada para a Sustentabilidade (FIS)”, da FGV EAESP, que migrou para o ensino remoto emergencial com a chegada da Covid-19 ao Brasil, em março de 2020. A coleta de dados ocorreu nas três turmas estudadas, que tiveram início em março e agosto de 2020 e fevereiro de 2021. Os pesquisadores realizaram observação participante nas três turmas, grupos focais com 41 dos 42 estudantes matriculados nas turmas de 2020, análise de avaliações preenchidas por 42 alunos e entrevistas com 12 desses estudantes.
A disciplina possui equipe de docentes com formações multidisciplinares e é baseada em dois pilares: o Projeto Referência, um desafio semestral realizado de forma coletiva, e o Projeto de Si Mesmo, fundado em atividades autorreflexivas. Assim, a disciplina já possuía de antemão abertura para reavaliação do planejamento e sensibilidade para a percepção da realidade trazida pela turma.
Construir comunidades, estimular a reflexão crítica e a autonomia dos estudantes e criar espaços de acolhimento são algumas das funções assumidas pelos docentes da disciplina durante o ensino remoto. A abordagem transformadora está presente na capacidade criativa e de adaptação de acordo com as necessidades e demandas da turma, o que vale também para o contexto pós-pandemia.