Em um exercício inédito de replicação de pesquisas em ciência política publicado no Brasil, um estudo analisou artigos quantitativos publicados em cinco grandes revistas brasileiras entre 2012 e 2016 e revelou desafios de replicabilidade dos resultados encontrados nas pesquisas publicadas.
“É preciso deixar claro que os achados não sugerem que a maior parte das pesquisas sejam inválidas ou que a conclusão é incorreta”, ressaltam os pesquisadores, que estavam em busca de uma maior compreensão sobre quão fácil seria replicar ou reproduzir os estudos das pesquisas da área de ciência política publicadas no Brasil.
Os autores, dentre os quais está o professor da FGV EAESP George Avelino, solicitaram dados de pesquisa para 197 artigos quantitativos, dos quais somente 28% dos autores concordaram em compartilhar dados e códigos. Com estes dados em mãos, foi possível tentar replicar apenas 14% dos casos, com uma taxa de sucesso da replicação dos estudos de apenas 5%.
A pesquisa também testou as diferenças potenciais nas taxas de replicação na comparação com campos de pesquisa estabelecidos, mais tradicionais, nos quais o uso de dados é mais frequente. Os resultados sugerem que o campo da ciência política brasileira poderia adotar procedimentos de transparência e de replicabilidade, que já são utilizados por outras comunidades científicas.
“Incluir práticas de transparência para pesquisas qualitativas pode ajudar a manter as pesquisas alinhadas com o crescente uso de métodos mistos de design de pesquisa, que geralmente exigem equipes que têm membros de diferentes bagagens metodológicas”, sintetizam os autores.